sexta-feira, 15 de maio de 2009

Infidelidade X Deslealdade


Ontem fui ao cinema assistir Divã. Esperava uma comédia leve, com bons diálogos. Os diálogos realmente são bons, inteligentes, proporcionam boas gargalhadas e algumas reflexões.

Mas o filme está longe de ser leve. Saí do cinema com a cabeça pesada e com a sensação de que ficara faltando alguma coisa na história. Não sei explicar bem o que é.

Mas vale a pena conferir...

Uma das frases do filme que achei mais interessantes é quando Mercedes, a protagonista, é interpelada pela melhor amiga pelo fato de não ter nenhuma reação à descoberta de traição do seu marido, e essa responde: “ele está me traindo mas não está sendo desleal.”

Fiquei pensando por horas sobre a profundidade dessa afirmação e a diferença entre deslealdade e infidelidade... Confesso que eu já havia parado para pensar sobre esse assunto, mas não tão profundamente.

Há realmente uma diferença muito grande entre Lealdade e Fidelidade. Tão grande, mas tão grande que, se você parar para pensar, uma nada tem a ver com a outra. O mais infiel dos seres pode ser o mais leal, enquanto que o mais fiel pode ser o mais desleal.

A fidelidade prende-se com o respeito pelos compromissos que se assumem perante alguém, enquanto a lealdade tem a ver com o respeito devido à própria pessoa.

Para mim a fidelidade entre casais, em nossa cultura judaico-cristã, possui um cunho sexual, enquanto a lealdade, e isso em todos os tipos de relações, diz respeito ao âmago do indivíduo, algo de tão precioso e tão delicado a que chamamos frequentemente de dignidade do ser humano.

Assim, a lealdade é muito mais importante do que a fidelidade, porque as pessoas têm muitíssimo mais importância do que os compromissos.

Os compromissos começam e acabam, renovam-se, são substituídos, voltam a começar e a acabar. Mas as pessoas que passam pela nossa vida, essas, deixam marcas eternas, indeléveis e, em certa medida, diria até que nos constroem.

O dever de fidelidade cessa quando cessam os compromissos; o dever de lealdade para com o nosso semelhante não cessa depois dos compromissos, não cessa sequer depois da morte, porque depois da morte há ainda um nome e uma memória a respeitar, à qual devemos um comportamento leal.

E é também por isso que a deslealdade é vergonhosa, inesquecível, inapagável e imperdoável.

Assim sendo, entendo, que a infidelidade se perdoa, se esquece, tem importância diminuta e não faz de ninguém um ser menor, mas tão somente humano. Desenganem-se aqueles que ainda pensam que há pessoas 100% fiéis, pois tal coisa não existe, a não ser que se defenda que a infidelidade é somente física.

Não estou sendo indulgente com a infidelidade e muito menos fazendo uma apologia à mesma. Mas vejamos como isso funciona nas relações amorosas...

Eu entendo, por exemplo, que um homem infiel é aquele que faz sexo com outras mulheres fora do relacionamento...

Enquanto que a deslealdade de um homem pode se dar de infinitas maneiras:

Um homem desleal é aquele que não “veste a camisa” da parceira.

Um homem desleal é aquele que nos faz críticas no momento em que deveria nos encorajar.

Um homem desleal é aquele que desmerece as nossas conquistas.

Um homem desleal nem sempre nos ouve com interesse, mas guarda à sete chaves qualquer informação que possa nos atirar na cara num momento de raiva.

Um homem desleal não se importa com o nosso estado de espírito, com a nossa saúde, as nossas dores, os nossos anseios, nossos questionamentos.

Para um homem desleal os nossos sonhos são apenas caprichos femininos, coisas sem importância.

Um homem desleal não se esforça em ser a mão que ergue, braços que encorajam, ombro que acolhe.

Por isso, talvez eu perdoasse uma infidelidade... Mas sei que nunca perdoaria uma deslealdade.

Infidelidade é carência, é carne... Infidelidade é conseqüência...

Deslealdade é maldade, é falta de ética, falta de comprometimento, é desconsideração... Deslealdade é causa...

Amores podem ser infiéis; mas quando são desleais, revelam que nunca foram amor e nem amizade.

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Ellen Cristina