quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A outra metade


Acho que foi um professor de cursinho quem contou em classe o mito dos andróginos. Parte homem e parte mulher, esses seres eram tão completos e tão felizes que despertaram a inveja de Zeus. Irado, o patriarca do Olimpo disparou raios que separaram em duas cada uma das criaturas perfeitas. Desde então, elas vagam pelo mundo em busca de sua metade. São solitárias e incompletas. Somos nós.

Não sei o que os gregos queriam dizer ao criar essa lenda, mas a maneira como nós a interpretamos, modernamente, é muito clara: existe alguém lá fora que nasceu para nós. Enquanto não acharmos essa metade (o amor verdadeiro) jamais seremos felizes.

Muitos de nós acreditamos nisso o tempo todo. Outros acreditam apenas de vez em quando. Raro é encontrar alguém totalmente imune a essa espécie de esperança (ou seria armadilha?) romântica.

Mas eu às vezes me pergunto se essa é uma ideia construtiva. É saudável imaginar que a nossa felicidade não depende de nós, mas, sim, de outra pessoa qualquer? Mesmo sem tomar o mito dos andróginos ao pé da letra, milhões de pessoas adiam o futuro diariamente à espera de que a vida lhes traga um grande amor, aquele que vai colocar tudo nos eixos.

Eu pergunto de novo: essa é uma ideia saudável?

Nos últimos dias, eu tenho pensado muito em um aspecto particular da nossa ideologia do amor, aquele que diz que é impossível ser feliz sozinho. Não é só a música de Tom Jobim que afirma isso. Tudo que nos circunda brada a mesma mensagem. Ela está nos filmes, nas novelas, nas conversas. Ausência de parceiro é sinônimo de infelicidade, fracasso ou esquisitice. Ou tudo isso junto.

Talvez seja verdade que as pessoas sem parceiros tendem a ser menos felizes, mas o contrário certamente é falso: estar com alguém, ter alguém, não é garantia de felicidade.
A gente sabe disso, a gente vive isso, mas, socialmente, a gente não divide essa informação. Para todos os efeitos públicos, vale o seguinte combinado: se a pessoa está casada, ou tem um namorado bacana, sua vida está “resolvida”. Mas isso é falso, não?

Não adianta nos cercamos de um cenário de propaganda de margarina (marido, filhos, animal de estimação) porque, ao final, nossa felicidade depende de nós, das forças interiores que nós somos capazes de mobilizar. As pessoas que amamos nos ajudam, mas elas não substituem nosso amor próprio, nossa motivação e a nossa estabilidade. Precisamos das pessoas, mas precisamos ainda mais de Deus em primeiro lugar, e depois de nós mesmos.

É por isso que a promessa de felicidade amorosa às vezes me incomoda. Ela é falsa. Ela é uma forma de propaganda enganosa. Ele conduz as pessoas numa procura inútil por alguém que as faça sentir inteiras e completas, quando, na verdade, essa sensação de inteireza talvez seja inalcançável na pessoa de outro ser humano.

Se a gente olhar de novo para o mito do andrógino, talvez haja nele outra sabedoria a ser extraída: a de que nós, homens e mulheres, somos criaturas intrinsecamente solitárias. Vivemos em grupo, precisamos do grupo e buscamos conforto na intimidade do outro, no amor. Mas talvez seja da nossa natureza jamais nos sentirmos inteiros e completos.

Talvez haja em nós uma inquietação inextinguível e uma angústia que advêm da nossa própria consciência e que nos torna humanos. O amor seria então um alento, um consolo, uma fogueira que nos protege do frio. Mas o frio está lá. E a melhor medida da felicidade talvez seja a forma como lidamos com ele. Como indivíduos, não como casais.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Quer ficar com cara de estrela? Ilumine-se


Esse é o truque do maquiador americano Scott Barnes para destacar o rosto das celebridades de Hollywood. Em seu recém-lançado livro “About Face” (Sobre o Rosto), Barnes apresenta sua técnica especial de maquiagem, inspirada em suas aulas de pintura na conceituada Parsons School of Design, em Nova York. A ideia é encarar o rosto como um quadro, criando os efeitos de luz e sombra usados pelos pintores. Sabem o “glow” (brilho) da Jennifer Lopez, que lançou a moda da pele dourada e brilhante por aí? Foi Barnes quem criou. A atriz, que aceitou estampar a capa do livro, tornou-se fã do maquiador. Tanto que chama a sua vida antes de Barnes de “época da escuridão”. Para provar o poder de seus pincéis, Barnes sentou em sua cadeira 16 mulheres da vida real – essas assim como a gente – e comandou uma transformação (observe o passo a passo de algumas na imagem ao lado).

O resultado pode ser conferido nas páginas do livro. É impressionante. A ativista americana Katherine Albrecht, uma das escolhidas por Barnes, parece ter subtraído uns bons anos de vida de sua idade após passar pela sessão de maquiagem. É claro que o cabelo caprichado feito pelo hairstylist Chuck Amos, as roupas elegantes escolhidas pela figurinista Jocely Goldstein e os ângulos generosos enquadrados pelo fotógrafo Karl Simone dão sua (grande) contribuição para a revolução visual. No livro, Barnes apresenta o trio como “O Esquadrão do Glamour”.

Mas não é essa a mensagem – de que é preciso montar uma operação de guerra para levantar o visual de reles mortais como nós – que Barnes diz querer transmitir. “A maquiagem é aprender a se aceitar e a destacar os seus atributos”, escreve. O melhor truque de maquiagem é nos olharmos no espelho enxergando os pontos fortes de nossa expressão. E não aquilo que queremos mudar. Barnes diz que toda mulher tem o potencial de uma Jennifer Lopez para se transformar em um mulherão. O maquiador diz não ter feito nada mais do que destacar na maquiagem da atriz a simetria do seu rosto e sua beleza autêntica, latina. Para quem quiser se aventurar, segue o modo de fazer:

1º) Passe uma máscara hidratante, que ajuda a maquiagem a aderir melhor à pele. Aproveite para fazer uma massagem facial. Ela ajuda a relaxar os músculos e torna a expressão mais leve

2º) Observe quais partes do rosto ficam mais em evidência com a iluminação. Aplique tons próximos à cor da pele, criando contornos que ajudem a ressaltar esse brilho natural

3º) Complete a maquiagem seguindo sua intuição e não aquelas regras que mandam pintar os olhos, depois as maçãs do rosto etc.. Imagine que seu rosto é uma tela e veja onde falta cor e qual tom cairia melhor

4º) Use pincéis para espalhar a maquiagem seja qual for a consistência do produto. Barnes diz que eles são a melhor ferramenta para misturar tons e espalhar com precisão a maquiagem.