quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O que se faz quando a alma nos cai aos pés?




“A alma me caiu aos pés” é uma expressão espanhola que eu conheci através de um dos meus escritores favoritos, o madrilenho Jorge Semprún.

Educado em francês e alemão, apaixonado pelas palavras, Semprún é fascinado pelo que essa expressão descreve com exatidão: o momento aterrador em que nosso mundo vem abaixo, o instante em que nos vemos nus diante da realidade acachapante.

Lembro que a alma me caiu aos pés numa noite chuvosa de terça-feira, em São Paulo.

Eu havia saído com a namorada e tivemos um desentendimento repentino, explosivo, desses que termina em gritos e lágrimas sem que qualquer um dos dois tenha (ao menos conscientemente) intenção de romper e causar dano.

Discutimos no carro, a caminho de um restaurante, e retornamos à casa dela sem nos olhar. Eu a deixei sob a luz amarelada do prédio. Tão logo acelerei o carro, furioso, aconteceu: a alma me caiu aos pés.

De um só golpe me veio, inteira, a importância daquela mulher na minha vida. O mundo sem ela ficou instantaneamente vazio de sentido. A amargura subiu pela garganta e me dominou a ponto de quase impedir o ato de guiar.

Sei que cheguei em casa e me larguei na poltrona, sentindo as coisas ruírem à minha volta. Eu me sentia inteiramente só. E apavorado. Pensei: como se vive com esse sentimento?

Antes que eu tivesse chance de descobrir, ela telefonou.

Conversamos cautelosamente, como dois bichos feridos: um percebendo no outro, pela primeira vez, o potencial de causar dor. Como não havia nada realmente errado, as coisas se resolveram e a ordem do universo foi restaurada. A vida voltou ao seu lugar.

Desde então, porém, a pergunta me persegue: como se vive com tamanha dor? Como se lida com o reverso do amor?

Tenho uma amiga que terminou outro dia um namoro bonito, com um sujeito devotado, e se encontra inteiramente tranquila. Na verdade, está feliz por ter mais tempo para si mesma.

Tenho outra amiga que é inteiramente diferente. Ela terminou um namoro ruim e está em farrapos: não consegue estar só e sentir-se bem.

A maioria dos homens que eu conheço pertence ao segundo grupo.

Diante de um rompimento indesejado, eles desabam. Correm para o bar, enchem a cara, ligam para todas as mulheres da cidade, fazem o maior barulho possível. Se apavoram.

Sempre tive a impressão de que pertencer a esse grupo era a única maneira de existir. Do lado dos sóbrios e tranquilos, eu pensava, só há gente fria. Gente que eu não queria ser.

Hoje penso ligeiramente diferente. Tendo sentido a alma nos pés mais de uma vez, me parece invejável a capacidade de algumas pessoas de estar no centro da própria vida permanentemente – em vez de deixar que outro ser humano ocupe esse lugar essencial.

Quando as relações terminam, essas pessoas saem quase intactas. Vão recuperar sozinhas a própria integridade. Sem pânico. Sem drama. Isso significa que se divertiram menos no caminho? Significa que gostaram menos? Talvez. Ou talvez signifique, apenas, que são mais equilibradas.

Assim como a sombra, talvez a alma devesse estar colada ao corpo permanentemente. Deve haver algo de errado com uma alma que vive caindo nos pés.


Belíssimo texto de Ivan Martins... Só gostaria de acrescentar que é uma delícia ter a alma grudadinha ao próprio corpo.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Mas eu me mordo de ciúme...


“Meu bem me deixa sempre muito à vontade
Ela me diz que é muito bom ter liberdade
Que não há mal nenhum em ter outra amizade
E que brigar por isso é muita crueldade
Mas eu me mordo de ciúme
Mas eu me mordo de ciúme”

Quem não se lembra dessa música da banda Ultraje a Rigor que embalava as festinhas dos anos 80??? Pois é... O ciúme... Sempre o ciúme!!!

Há uma escola de pensamento chamada de Psicologia Evolucionista que sustenta que o ciúme seria herança da nossa longa evolução desde as savanas africanas.

Ao longo de um milhão de anos, a natureza teria aprimorado um "gene do ciúme" - para impedir que o macho fosse traído e perpetuasse a descendência dos outros - e ele continuaria funcionando ainda hoje, como um nódulo troglodita no meio do cérebro moderno. Mais uma tremenda baboseira evolucionista!!!

Um artigo da Newsweek demole esse álibi. Mostra que o cérebro humano não evoluiu por nódulos de pré-programação. Ele se adapta livremente ao ambiente que o cerca. Em nosso caso, à cultura.

É por isso que um liberal sueco e um talibã afegão têm atitudes diferentes diante do ciúme. O sueco assume a liberdade e a independência da parceira e vive com as conseqüências disso. O talibã acredita que pode matar diante de uma ameaça à sua honra.

Não há nódulo de ciúme: há cultura, educação e, como sempre, livre arbítrio. Homem nenhum é obrigado por forças genéticas a portar-se como louco, sobretudo em uma cultura flexível como a do Brasil. E nenhuma mulher é forçada por genes ancestrais a aceitar a truculência como fato da vida. Aceita quem gosta ou quem quer. Sempre que presencio cenas de ciúme, me questiono: por quê alguém aceita um parceiro ciumento???

Existe um outro lado dessa história: há mulheres, não poucas, que vêm nesse tipo de homem uma forma de se auto valorizar, são pessoas com baixa estima que precisam de um troglodita para se sentirem relevantes na vida de alguém. Buscam sentido. Além, claro, daquelas que apenas repetem padrões que vivenciaram em casa e que tomaram como realidade única.

Portanto, acredito que o ciumento existe pela complacência do parceiro. Realmente, tanto homens quanto mulheres confundem ciúme com amor. Claro que uma pequena demonstração de ciúme faz bem pro ego, mas os limites precisam ser estabelecidos.

Talvez por não fazer parte da minha natureza ser ciumenta, não tolero esse tipo de chilique. Um dos fatores que me fizeram rever a relação, e decidir terminá-la, com o meu ex namorado foi porque ele revirou o meu celular enquanto estava em minha casa e veio tirar satisfações. Comigo esse tipo de comportamento não se desenvolve, porque não dou espaço. Violência fisica, então, fora de cogitação, é caso de policia.

domingo, 2 de agosto de 2009

O passado que fica


O texto a seguir foi escrito por Ivan Martins, Editor-executivo da revista ÉPOCA, ele escreve sobre os variados temas que afetam a nossa vida emocional, fazendo uma releitura sob a ótica masculina de forma muito verdadeira e sensível.
Vale a pena conferir:


"Homens, mais do que mulheres, têm dificuldade em deixar que as coisas passem

Eu sempre tive dificuldade em separar passado e presente.

Ao contrário de uma ex-namorada de quem eu gosto muito, que se gaba de olhar apenas para frente, eu sofro desde adolescente de torcicolo existencial: vivo olhando pra trás, fascinado e (às vezes) apaixonado pelo passado.

Percebi essa dificuldade pela primeira vez ao fim de um período de quatro anos fora do Brasil: eu só conseguia pensar na garota por quem eu fora louco na adolescência.

Liguei da Inglaterra para a casa da mãe dela (ainda sabia o número de cabeça...), atualizei a ficha da moça (casada, dois filhos) e telefonei dias depois, com o coração aos pulos, para ter com ela uma conversa doce e ... inútil.

Descobri que aos 30 anos não se pode recuperar nada de uma paixão que se teve aos 13.

Mais tarde, deparei com a mesma dificuldade em outra circunstância. Depois de anos de namoro, apaixonado, levei um pé na bunda e gastei anos dolorosos (sim, anos!) tentando fazer o tempo voltar. Inutilmente.

É engraçado como as pessoas que sofrem da doença da nostalgia criam desculpas para se justificar.

"Ninguém é como ela". "A gente ainda tem uma relação". "Foi a pessoa mais importante da minha vida". "Enquanto eu gostar dela não vou gostar de outra pessoa". E por aí vai.

Os amigos cansam de ouvir a ladainha. O analista vira testemunha remunerada de um luto que não acaba. Até a família perde a paciência. Uma tristeza.

Minha experiência sugere que os homens são mais propensos a isso do que as mulheres. Ou pelo menos o tempo deles é diferente. Quer dizer, pior.

Mulheres sofrem intensamente e saem rápido da dor, prontas para outra. Ou assim parece. Os homens chafurdam, derrapam. Ficam semanas, meses, anos atolados na mesma crise. Por comparação, as mulheres parecem mais práticas. Ou mais resolutas.

Por que será? Acho que há nisso uma coisa edipiana. Perder a mulher que se ama talvez seja como perder a mãe. Ou ser abandonado por ela. E mãe, todos sabem, só existe uma.

Ou talvez as mulheres (por formação familiar, por cultura de grupo, até, quem sabe, por genética), tenham aprendido a não depender emocionalmente dos parceiros para além da medida do bom senso.

A despeito da imagem romântica e sentimental, (e do seu próprio discurso de fragilidade) tenho visto que as mulheres se aguentam muito bem.

Afinal, elas são o esteio das famílias desde a savana africana e não podem se dar ao luxo de gastar a vida gemendo pelos cantos. Há que seguir, marchar, fazer a prole;

A vida (talvez o relógio biológico da maternidade) empurra as mulheres à construção prática do mundo. Os homens têm tempo a perder e o perdem. Às vezes a vida inteira.

Dito isso, as coisas mudam. A vida ensina. Observo os meus amigos nostálgicos, aqueles que pareciam incorrigíveis, e percebo que eles aprenderam a cortar a corrente do passado.

Eu mesmo, depois de centenas de sessões de análise, depois do acúmulo das experiências, me surpreendo com uma capacidade nova de apreciar o presente. Capacidade que antes, me parece, não estava inteiramente lá, como não está na vida de muitas pessoas, homens e mulheres.

O passado continua uma presença forte. Ele molda o dia de hoje mas não o determina inteiramente, não o impede e, sobretudo, não o substitui.

Ou, como diz aquela ex-namorada que não olha pra trás: se você não quer que uma relação entre para o passado, é bom cuidar dela no presente; é bom garantir que ela esteja lá, no futuro. Faz todo sentido."

sábado, 1 de agosto de 2009

Sempre há tempo para amar


"Me sinto como uma adolescente desde que eu o conheci". Foi assim que a boliviana Irma Rodríguez, de 73 anos, descreveu à BBC seu sentimento em relação a seu amado, o aposentado Jorge Carillo, de 63 anos. Os dois viveram um amor proibido. Moravam em alas separadas em um asilo em La Paz, na Bolívia, quando se conheceram. Só saíam da casa uma vez por mês, para receber a aposentadoria.

Nesses encontros bancários, se apaixonaram. Do banco, passaram a ir para a lanchonete, a sorveteria. Divertiam-se como duas crianças nessas esticadas furtivas que só aconteciam nos dias de pagamento. A paixão era tanta que às vezes escapavam uns beijinhos. Dois anos e meio de romance e uma funcionária do asilo os pegou nesse ato de amor: os dois idosos de lábios colados. Muita confusão e em maio passado, Irma e Jorge resolveram deixar o asilo.

"Como Romeu e Julieta não pensamos nas consequências", disse Irma.

Com pouco dinheiro no bolso, tentaram vários alojamentos, mas não conseguiram. Chegaram a ir para outra cidade, Cochabamba, mas nada. Cansados de procurar moradia, Carrillo voltou a morar com a família (que desaprova o namoro). E Irma foi para um asilo feminino. O Serviço de Gestão Social de La Paz pediu uma investigação sobre o caso.

Sem celulares, porque venderam os aparelhos para ter mais dinheiro, ficou mais difícil os pombinhos se encontrarem. Irma disse à BBC que ainda tem esperanças de os dois morarem juntos. “Não quero me separar dele. Ele também não quer. Eu o amo. Acho que, se isso acontecesse, eu morreria”, disse.

Fiquei muito comovida com essa história, porque acredito que amor não tem idade para acontecer. Esse casal de bolivianos são mesmo Julieta e Romeu dos tempos modernos. E mais, um amor proibido na terceira idade.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Agora me diz, o que faz você feliz???



"O que faz você feliz?
A lua, a praia, o mar
Uma rua, passear
Um doce, uma dança, um beijo
Ou goiabada com queijo

Afinal, o que faz você feliz?

Chocolate, paixão, dormir cedo, acordar tarde
Arroz com feijão, matar a saudade
O aumento, a casa, o carro que você sempre quis
Ou são os sonhos que te fazem feliz?

Dormir na rede, matar a sede
Ler ou viver um romance
O que faz você feliz?

Um lápis, uma letra, uma conversa boa
Um cafuné, café com leite, rir a toa
Um pássaro, um parque, um chafariz
Ou será o choro que te faz feliz?

A pausa para pensar
Sentir o vento, esquecer o tempo
O céu, o sol, um som
A pessoa, ou o lugar?

Agora me diz, o que faz você feliz?"

Eu amo esse texto que o Arnaldo Antunes fez para a Campanha publicitária do grupo Pão de Açúcar !!!

Sempre gostei de cultuar pequenos prazeres que me deixam extremamente feliz...
Na semana passada estava pensando sobre isso ao ler um livro sobre anjos que acabara de adquirir: Como é gostoso ler um bom livro!!! E assistir um filme antigo??? Que delícia é assitir novamente ao filme O Pássaro Azul... aquele com Shirley Temple, que passava na Sessão da Tarde quando éramos crianças...

Agora me diz, o que faz você feliz???


São tantos os meus pequenos prazeres... O despertar de um novo dia, dar cheirinho na minha filha, chegar mais cedo do trabalho, chupar picolé de tapioca, descer as escadas da academia depois de malhar por duas horas, acariciar minhas gatas, inventar um novo prato, receber os amigos em casa... Simplesmente deitar a noite e no silêncio do quarto agradecer a Deus por mais um dia.

"Agora me diz, o que faz você feliz???

Aquela comida caseira
Arroz com feijão, brincar a tarde inteira
O molho do macarrão
Ou é o cheiro da cebola fritando que faz você feliz?

O papo com a vizinha
O bife, a batatinha
A goiabada com queijo
Um doce ou um desejo

Afinal, o que faz você feliz???"

Muitas vezes pecamos por valorizar somente os "grandes momentos" as "viagens inesquecíveis", e esquecemos que a felicidade consiste em atravessar desertos a fora sendo capaz de encontrar oásis em pequenos prazeres.

"Agora me diz, o que faz você feliz???

Ficar de bobeira
Assaltar a geladeira
Comer frango com a mão
Tomar água na garrafa
Passar azeite no pão
Ou é namorar a noite inteira que faz você feliz?

Rir e brindar à toa
Um filme, uma conversa boa
Fazer um dia normal virar uma noite especial

Afinal, o que faz você feliz???"

Mário Quintana, poeta que amo de montão, escreveu o seguinte, do alto de sua sabedoria:

"Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade."

Agora me diz, o que faz você feliz???

segunda-feira, 27 de julho de 2009

A História das Nossas Calcinhas


Diariamente, modelos e atrizes do mundo todo são alvos de câmeras indiscretas ávidas por imagens de suas calcinhas – ou da ausência delas, o que costuma fazer um sucesso ainda maior. Esse interesse pelas roupas íntimas alheias revela o significado atual dessas nada inocentes peças do vestuário feminino. Cobiçadas por mulheres e marmanjos (ainda que por motivos diferentes) e com uma variedade de modelos, cores e tamanhos que atende a todos os gostos e ocasiões, as lingeries movimentam a imaginação e o mercado.

Fica difícil acreditar que esses "objetos do desejo" um dia já foram "objetos do desprezo", conforme conta o recém-lançado livro Por baixo do pano, da historiadora de moda inglesa Rosemary Hawthorne. "Ao escrever sobre a história das calcinhas, sem perceber, eu estava mapeando a história social da mulher ocidental e descrevendo não só o progresso de suas roupas de baixo, mas o progresso das próprias mulheres", diz Rosemary. Ela conta que, até o século XVIII, os calções, ou ceroulas, eram peças exclusivas do guarda-roupa masculino e as mulheres que ousassem usá-los eram consideradas "criaturas libertinas e de moral duvidosa". Naquela época, as moças sérias deixavam suas partes baixas livres, leves e soltas. Por baixo dos enormes e pesados vestidos, bastavam uma ou duas anáguas, o corpete e uma camisola de linho diretamente sobre a pele.

Foi somente por volta de 1800 que surgiram na França os modelos femininos, ancestrais da sensual calcinha contemporânea. Produtos da Revolução de 1789, que simplificou o vestuário da Europa inteira, os calções ou pantaloons vieram para, digamos, diminuir a ventilação por debaixo dos agora mais leves e sensuais vestidos. É perfeitamente compreensível o fato de não terem entusiasmado as moçoilas da época.Com comprimento abaixo dos joelhos ou até os tornozelos e, para piorar, feitos de um tecido “cor de carne”, estavam longe de qualquer ideal estético.

Se a França deu às calcinhas a chance de entrar para a história da moda, foi na Inglaterra, durante o recatado período vitoriano (1837-1901), que elas entraram definitivamente para o guarda-roupa das mulheres de poder aquisitivo – os altos preços surgiram então e, como se sabe, permanecem. Os moralistas vitorianos elevaram as calçolas femininas ao patamar máximo de qualidade, mas preferiam não tocar nesse assunto. Falar sobre roupas íntimas era tabu, pois elas evocavam lembranças embaraçosas sobre detalhes anatômicos. Nas lojas, a seção de lingeries ficava escondida, e nos anúncios publicados em revistas as calçolas apareciam monotonamente dobradas em prateleiras.

As mulheres do século XIX ficariam coradas se vissem nossas tanguinhas coloridas, estampadas, rendadas etc. "A simplicidade das calcinhas fazia sentido em uma época em que as mulheres não mostravam seu corpo nem para os maridos", diz a historiadora de moda Miti Shitara, professora da faculdade Santa Marcelina. Isso valia para o mundo todo? "A Europa sempre foi o centro da moda. O que era usado na Europa também era no Brasil, inclusive a moda íntima", afirma Miti.

Foi somente depois da Primeira Guerra Mundial, na década de 1920, que as calcinhas começaram a ficar mais parecidas com as que conhecemos (com as calçolas da vovó, é claro). As mudanças ocorridas nos quatro anos de conflito marcaram o nascimento da mulher moderna, que agora exibia mais do corpo. Com a barra das saias na altura dos joelhos, as melindrosas dançavam o charleston e revelavam as dimensões reduzidas de suas roupas íntimas. Nada que se compare à ousadia das mulheres emancipadas da década de 1970, com suas calcinhas de cintura baixa, acompanhando os jeans saint-tropez. Nessa época, com o desenvolvimento da indústria têxtil e a fabricação de modelos adaptados ao corpo das brasileiras, a moda íntima nacional se desvinculou da Europa. E continuou assim.

Enquanto europeias e americanas são adeptas do fio dental e da calçola – que usamos de vez em quando, as primeiras em momentos especiais e as outras em semanas necessárias –, ficamos com o meio termo. "A brasileira gosta de tanga de náilon, o carro-chefe de todas as empresas de lingeries no país", diz a empresária Indhira Pêra, diretora do maior salão de moda íntima da América Latina. "As mulheres querem conforto e sensualidade na mesma peça, pois saem para trabalhar de dia e querem estar preparadas, se precisarem, à noite", afirma. Nesse caso, melhor fugir das brochantes calcinhas beges, cor preferida das brasileiras, ao lado das brancas, pretas e vermelhas.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Abraços...


Abraços acontecem quando um único corpo não pode suportar a intensidade que é a vida. Dai, a gente se empresta para o outro, se abraça para que o corpo fique maior, mais forte e a vida possa acontecer.

O silêncio do macho


Lí esse texto e amei, pois encerra muitas verdades sobre o papel masculino na sociedade, sobre o quanto eles estão perdidos no desempenho desse papel, e o quanto nós mulheres somos contraditórias em nossas cobranças e sobre o que esperamos deles.

O texto foi por Eliane Brum, Repórter especial de ÉPOCA. Ela integra a equipe da revista desde 2000. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de Jornalismo. É autora de A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo)


"O sociólogo francês Daniel Welzer-Lang está no Brasil para falar de seu novo livro, ainda sem tradução para o português. Nous, les mecs poderia ser traduzido como “Nós, os machos” ou “Nós, os caras”. Nele, o sociólogo, professor titular do departamento de Sociologia e pesquisador do Laboratório Interdisciplinar Solidariedades, Sociedades, Territórios, da Universidade de Toulouse II, fala sobre algo crucial do nosso tempo. Estudioso da masculinidade e da violência, Welzer-Lang diz: “Nós estamos vivendo, hoje, uma época paradoxal: nunca antes as mulheres, ainda submetidas a formas variadas de dominação masculina, falaram, discutiram e contestaram tanto. Nunca antes os gays, lésbicas e bissexuais abordaram tanto seus modos de vida. Entretanto, os homens continuam em silêncio”. Welzer-Lang cita o sociólogo canadense Marc Chabot: “A palavra dos homens é o silêncio”.

O que é ser homem, hoje? Pergunta difícil. O lugar do homem no mundo contemporâneo é uma excelente pergunta ainda com poucas respostas. Provavelmente porque a crise da masculinidade levará não a um modelo fechado, mas a múltiplas possibilidades. No espaço público e privado, os homens pouco debatem suas dores, muito se debatem com as fronteiras difusas do seu papel. Tenho observado a trajetória errática de amigos e conhecidos, tentando entender o que o mundo – e as mulheres – espera deles. E sem coragem de fazer uma pergunta mais perigosa, que vai doer mais, mas talvez os leve para um lugar no qual possam se reconhecer: qual é o meu desejo?

Perguntar sobre o que somos é sempre uma indagação sobre o desejo. Penso que os homens heterossexuais têm se perguntado muito pouco sobre seu desejo. Quase como se não tivessem direito à pergunta, menos ainda à resposta. É como se, culpados por séculos de opressão das mulheres e igualmente condenados por séculos de afirmação homofóbica, não tivessem direito a querer nada. É a vez das mulheres, dos gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros pronunciarem o seu desejo – e quanto mais alto melhor. Aos homens heterossexuais coube introjetar um “cale-se, vocês já falaram durante séculos”. Resta a eles o silêncio.

Voltam-se então para o que nós, as mulheres héteros, cada vez mais verborrágicas, esperamos deles. E nós, também tão confusas sobre o que esperar de nós mesmas, diante de tantos imperativos à altura apenas de super-heroínas, os enlouquecemos. O “homem novo” seria uma mistura de ursinho puff com godzilla (meigo, mas com pegada). Potente, mas voltado apenas para a satisfação do nosso desejo, ele teria de alcançar, nos confins do nosso corpo, pontos nebulosos cada vez mais avançados no alfabeto.

O “homem novo” deve ser sensível, mas se “falhar” no sexo, algumas de nós contarão do “fracasso” para a amiga com secreta satisfação no dia seguinte. E ele nunca mais será olhado com o mesmo respeito. Enchemos a boca para falar de nossa carreira, de nossa independência e do dinheiro que ganhamos, mas não estamos muito dispostas a sustentar um marido desempregado ou num mau momento profissional, sem considerá-lo um loser. Reservamos epítetos machistas para as ex-mulheres de nossos homens, e muitas de nós competem com as filhas desses casamentos como se disputássemos o mesmo lugar.

Saiba mais

* »Leia as colunas anteriores de Eliane Brum

Por outro lado, esperamos que eles sejam os pais de nossos filhos, quando soar o alarme dos 30 e poucos, mas também podemos reduzi-los a um espermatozóide anônimo num banco de esperma, se for necessário. E se eles não quiserem ter filhos, uma escolha legítima nos dias de hoje, pelo menos para nós, no caso deles é porque não cresceram, seguem estacionados na adolescência e, de novo, não conseguiram tornar-se homens.

Esse comportamento não é circunscrito às mulheres de classe média. Tenho observado e conversado com mulheres pelas periferias de São Paulo. Muitas sustentam a casa, criam os filhos e não sabem bem para que serve o homem dentro de casa. Algumas parecem manter os maridos por uma crença de que é importante, ainda que devido a um certo status na comunidade, ter um. Mas não têm muita esperança de descobrir para que mais servem. E falam deles com um desprezo acachapante.

No mesmo sentido, basta ir a qualquer bairro de periferia de uma grande cidade, para descobrir que as mulheres não estão em casa durante o dia, mas muitos homens sim. E para não assumir o território ainda tabu do lar, ficam pelos bares, pelas ruas, se alcoolizando ou se drogando. Ou arrumando briga, a violência como um espaço que ainda reconhecem como seu. Sem trabalho, sem perspectiva, sem lugar. E sem conseguir verbalizar essa dor, menos ainda elaborá-la.

Se perguntarem a nós, mulheres-alfa (!!!?), o que esperamos do novo homem, machos de todas as classes sociais vão descobrir que é muito mais fácil passar por um ritual de virilidade de alguma tribo indígena. Ou matar um lobo numa caverna, como fez Leônidas, o rei de Esparta, no filme 300. Aliás, num mundo em que todos os rituais e os privilégios do macho foram eliminados ou estão sub judice, como se reconhecer? Como não silenciar diante do barulho dos “dominados”, que invocam o direito de igualdade? Como saber o que é um homem se não é preciso mais de um nem para fazer um filho?

Em uma entrevista ao Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos (CLAM), uma das entidades que o trouxe ao Brasil, Welzer-Lang diz, com muita lucidez: “Nós somos socializados, enquanto dominantes, na luta para ver quem é o melhor, o mais forte. Mas também somos socializados de maneira homofóbica e vistos como ‘os grandes incapazes afetivos’. É tempo de os héteros fazerem também seu coming out, falarem da pluralidade de seus desejos e de suas práticas”.

Sou otimista. Acredito que essa profunda crise do masculino levará a homens muito mais livres em suas possibilidades. E penso que cabe a nós, mulheres, suspender um pouco a nossa verborragia tão perto da histeria e escutar com mais generosidade nossos parceiros. Escutar sem os preconceitos dos tantos papéis que assumimos – e dos tantos que impingimos a eles. Escutar é talvez o mais profundo ato de amor. E é sempre um começo sedutor para um encontro entre corpos com alma.

Os homens não são os únicos a bater cabeça por aí. Também nós sofremos e nos confundimos o tempo todo. Assim como continua não sendo fácil ser gay, lésbica ou transgênero. Mas acho que hoje é mais difícil para um homem saber o que é, qual é o seu lugar e qual é o seu desejo. Penso que são os homens heterossexuais que hoje vivem um grau variado de repressão. E, diante de demandas tão contraditórias, sofrem sem ousar perguntar qual é o seu desejo. A esses homens, sugiro suspender por um tempo a questão do que nós, mulheres, esperamos de vocês – e passar a perguntar o que querem de si, para si."


Eliane Brum

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Nem Madonna pode!!!



De todas as futilidades da vida a que mais me angustia é a consistência do meu tríceps, aquele músculo situado na região posterior do braço, que faz questão de permanecer molinho apesar de todos os esforços dispensados a ele.
Mas sabe o que eu descobrí??? Nem Madonna pode dar tchau impunemente!!!
Logo ela que é fissurada em malhação - malha duas horas diárias, seis vezes por semana!!!
A cantora foi acompanhada do namorado brasileiro Jesus Luz a uma jantar organizado em Milão pelos estilistas da grife Dolce e Gabanna em sua homenagem. Madonna curtiu a noite ao lado de amigos e equipe, depois de se apresentar na cidade, mas mostrou um braço flácido bem na hora em que deu um tchauzinho.
As revistas disseram que ela deixara a mostra "the bingo wings"... Não sei o que vem a ser "bingo wings", mas isso que ela mostrou, na minha opinião, está mais para bat wings...
O fato é que Rainha do Pop também sofre com o tríceps, como nós, simples mortais!!!

domingo, 12 de julho de 2009

O amor não acaba, nós é que mudamos


Um homem e uma mulher vivem uma intensa relação de amor, e depois de alguns anos se separam, cada um vai em busca do próprio caminho, saem do raio de visão um do outro. Que fim levou aquele sentimento? O amor realmente acaba?

O que acaba são algumas de nossas expectativas e desejos, que são subtituídos por outros no decorrer da vida. As pessoas não mudam na sua essência, mas mudam muito de sonhos, mudam de pontos de vista e de necessidades, principalmente de necessidades. O amor costuma ser amoldado à nossa carência de envolvimento afetivo, porém essa carência não é estática, ela se modifica à medida que vamos tendo novas experiências, à medida que vamos aprendendo com as dores, com os remorsos e com nossos erros todos. O amor se mantém o mesmo apenas para aqueles que se mantém os mesmos.

Se nada muda dentro de você, o amor que você sente, ou que você sofre, também não muda. Amores eternos só existem para dois grupos de pessoas. O primeiro é formado por aqueles que se recusam a experimentar a vida, para aqueles que não querem investigar mais nada sobre si mesmo, estão contentes com o que estabeleceram como verdade numa determinada época e seguem com esta verdade até os 120 anos. O outro grupo é o dos sortudos: aqueles que amam alguém, e mesmo tendo evoluído com o tempo, descobrem que o parceiro também evoluiu, e essa evolução se deu com a mesma intensidade e seguiu na mesma direção. Sendo assim, conseguem renovar o amor, pois a renovação particular de cada um foi tão parecida que não gerou conflito.

O amor não acaba. O amor apenas sai do centro das nossas atenções. O tempo desenvolve nossas defesas, nos oferece outras possibilidades e a gente avança porque é da natureza humana avançar. Não é o sentimento que se esgota, somos nós que ficamos esgotados de sofrer, ou esgotados de esperar, ou esgotados da mesmice. Paixão termina, amor não. Amor é aquilo que a gente deixa ocupar todos os nossos espaços, enquanto for bem-vindo, e que transferimos para o quartinho dos fundos quando não funciona mais, mas que nunca expulsamos definitivamente de casa.

(Martha Medeiros)

Mostre que você se importa...



Michael Jackson não foi meu ídolo. Sou da geração que ouviu Michael, mas suas músicas não me embalaram e nem fizeram parte da trilha sonora da minha vida. Para falar a verdade, nem seu jeito de dançar e se movimentar me encantavam.

Meu gosto sempre andou meio na contramão da maioria, e sinto até um pouco de orgulho disso. Nasci no início da década de 70. Meu irmão com idade mais próxima à minha é 11 anos mais velho, e sempre funcionou como uma espécie de mentor, lider cultural, alguém que valia a pena seguir; e ele ouvia Beatles, A Cor do Som, 14 Bis, Lô Borges, Paulinho Pedra Azul, Belchior, Gonzaguinha... portanto, esses foram os meus ídolos na adolescência.

As músicas de Michael Jackson que eu realmente gosto posso contar nos dedos de uma só mão: Ben, Human Nature, Heal the World, Will be there, The Man, Say, say, say, The Girl Is Mine... Ben, a primeira, é uma música romântica dedicada a um ratinho, o que segundo a minha irmã já era um prenúncio das maluquices dele, as três últimas foram feitas em parceria com Paul McCartney.

Mas a morte de michael Jackson me comoveu... Ou melhor, a sua triste e curta passagem por essa vida me comoveu... Por que ele era uma pessoa tão triste??? Por que tomava tantos remédios??? Por que nunca se aceitou??? Por que ele teve de se deformar ao longo da vida??? Menino bonito que era, por que levou à loucura sua vontade de parecer mulher - e, ainda por cima, mulher branca???

Muitos atribuem as suas bizarrices a Joe Jackson, o pai maluco com cara de Irmão Metralha. Segundo o próprio Michael, quando ele ainda era criança o pai o obrigava a ensaiar até a exaustão, e ainda o surrava e o insultava com comentários grotescos sobre a sua aparência fazendo com que a auto estima do garoto fosse parar debaixo da unha do dedão do pé.

Mas eu não me contento muito com essas "teorias prontinhas" que a mídia vende e que todos devoram como lazanha congelada vendida em supermercado.

Que o patriarca Joe Jackson, é um maluco de carteirinha, além de ser dotado de um grande senso de oportunidade, isso é óbvio. Mas eu me pergunto, mais uma vez na contramão da maioria, será que Michael Jackson seria o ídolo que foi caso não existisse a cobrança do pai Joe Jackson??? Quanto das bizarrices e maluquices de Michael podem ser atribuidas ao seu pai??? E quanto do ídolo???

Michael Jackson era amado por seus fãs, mas no fundo era uma pobre criatura atormentada e infeliz. E isso ficou mais claro ainda depois que prestei atenção à letra de uma de suas músicas, por coincidência uma das que eu mais gosto: Will You Be There. Cheguei à conclusão de que mais importante do que amar uma pessoa é você mostrar que se importa verdadeiramente com ela.

"Me abrace
Como o Rio Jordão
E então vou te falar
Você é meu amigo

Me carregue
Como se fosse meu irmão
Me ame como se fosse uma mãe
Você vai estar la?

Quando cansado
Diga se você vai me abraçar
Quando errado, você vai me moldar?
Quando perdido, você vai me achar?

Mas eles me disseram
Que um homem deve ser fiel
E andar quando não puder
E lutar até o fim
Mas sou apenas humano

Todo mundo está tomando controle de mim
Parece que o mundo tem um papel pra mim
Estou tão confuso, você pode me mostrar
Você vai estar la pra mim
E se importar o suficiente pra me aguentar

Me segure
Deite sua cabeça
Devagar e então ousadamente
Me carregue até la

Me segure
Me ame e me alimente
Me beije e me liberte
Vou me sentir abençoado

Carregue
Me carregue com coragem
Me levante devagar
Me carregue até la

Me salve
Me cure e me banhe
Devagar você me diz
Eu vou estar la

Me levante
Me levante devagar
Me carregue com coragem
Mostre que você se importa

Me segure
Deite sua cabeça
Devagar e então ousadamente
Me carregue até la

Precise de mim
Me ame e me alimente
Me beije e me liberte
Vou me sentir abençoado

Em nosso momento mais escuro
Em meu desespero mais profundo
Você ainda vai se importar?
Você vai estar la?
Em meus julgamentos e tribulações
Em nossas dúvidas e frustrações
Em minha violência
Em minha turbulência
Por meus medos e confissões
Minha angustia e minha dor
Minha alegria e meu sofrimento
Na promessa de um outro amanhã
Nunca te deixarei partir
Porque você está sempre em meu coração"

sexta-feira, 10 de julho de 2009

A Morte Inventada


Um crime silencioso acontece dentro dos lares brasileiros. Frequente, porém sutil, muitas vezes está disfarçado de amor e cuidados. Na maior parte das vezes, é cometido por mães, seres santificados pela sociedade e pela Justiça, mas que podem se transformar em criaturas levianas e egoístas quando se transforam em… ex-mulheres.

Quem não tem um familiar ou amigo que está sendo afastado de seu filho após a separação??? Quem não ouviu as histórias mais escabrosas sobre pais divorciados que ganham cabelos brancos brigando na Justiça por um pernoite com suas crianças??? Quem não sentou na mesa de bar com um amigo que luta para poder ser um pai de verdade e ficou até de madrugada ouvindo seu desabafo de homem amargo, confuso e, principalmente, impotente???

Eu coleciono tais histórias entre amigos e conhecidos. Um deles passou o último aniversário do filho rodando em todos os endereços em que ele poderia estar - o da mãe, dos avós maternos, de parentes. Em vão. Ninguém atendeu o interfone ou lhe deu informação decente. Não conseguiu dizer parabéns. Outro batalha para conseguir atenção da filha adolescente, que se sente traída e abandonada, seguindo a cartilha da mãe.

Esses homens devem alguma coisa a alguém??? Acredito que não... Trabalham, pagam suas contas - e as do filho!!! Deles foi cobrada participação quando eram casados. Trocaram fraldas, passaram noites acordados, seguindo a cartilha do novo pai. Por que agora se transformaram em cidadãos sem direitos aos olhos das ex-mulheres???

A frase: "Papai, eu não quero ir com você..." Seria verdade??? Ou apenas um conflito de fidelidade da criança, diante do comportamento e das posições da mãe???

Mas um projeto prestes a ser aprovado na Comissão de Seguridade Social da Câmara quer dar a partida para acabar com este crime, que leva o nome de Síndrome da Alienação Parental. A primeira vez que ouvir falar desse projeto de lei foi em um encontro do Instituto Brasileiro de Direito de Família (Ibdfam)para profissionais do Direito realizado aqui em Vitória no ano passado.
Caso seja aprovado, quando ficar caracterizado que o filho é levado pelo familiar que tem a guarda a se afastar do outro depois da separação, aquele que detém a guarda será penalizado com a perda da guarda ou até 6 a 24 meses de prisão.

Exagero para o que pode ser apenas um "probleminha doméstico"??? Eu não acho, nunca achei e acho menos ainda depois que vi o documentário A Morte Inventada, do diretor Alan Minas, que desde abril está correndo o país em pequenas salas de exibição, mostrando como tal comportamento pode comprometer emocionalmente a vida dos filhos, causando dor e todo tipo de problema psicológico.

No filme, vemos relatos de pais afastados de seus filhos, sofrendo com a perda do contato - que pode ser irreversível no caso de crianças pequenas - e com a morosidade e o conservadorismo da Justiça. Outros de jovens adultos que passaram a infância e a adolescência "alienados" de seus pais e hoje já conseguem perceber os mecanismos sutis que os forçavam a compactuar com as atitudes da mãe ressentida. Um dos casos chega ao extremo do pai e do avô serem acusado pela mãe de abusar sexualmente da criança. Quando uma denúncia dessas acontece, com ou sem indícios, o afastamento é imediato - o pai que prove sua inocência, correndo o risco de, até lá, perder totalmente a cumplicidade com o filho ou filha.

Se falo aqui especificamente de mães é por uma questão ao mesmo tempo estatística e testemunhal: em 95% dos casos de separação, a guarda é da mãe. E têm sido sempre elas as vilãs dessas histórias.

Sei que cada história é uma história e não é algo fácil ter as expectativas de felicidade eterna destruídas. Mas acho que ser mãe solteira e ter lutado inutilmente durante anos para que o pai da minha filha fizesse parte, de alguma maneira, da vida dela, me dá um mínimo de autoridade para falar no assunto...

No meu caso em particular, se houve alienação parental, foi o pai que alienou o sagrado direito de participar do crescimento da filha... Eu sempre pensei ser importante para minha filha, mesmo sem ter existido um casamento que me unisse ao seu pai, a participação dele em todos os aspéctos de sua vida. É justamente isso o que essas mães não vêem. Ao usar as crianças como arma contra o pai delas, acham que os atingidos são seus ex-maridos. Enganam-se. Pois são seus queridos e amados filhos, aqueles sobre quem elas derramam seus argumentos raivosos, que são as verdadeiras vítimas disso tudo.

Tambem já tive amigas do outro lado... Seus argumentos não se sustentavam. "Mas ele nunca foi pai de verdade, nunca fez nada!!! Por que agora quer ficar com o garoto???", me disse uma delas. Porque eles - pai e filho - têm direito. Simples assim...
Sem contar que nunca é tarde para ser bom pai ou boa mãe. Nunca é tarde para estreitar laços.

A Síndrome da Alienação Parental não é um problema novo. O termo foi criado e ganhou dimensão a partir da década de 80. Mas com o aumento dos divórcios, que quadruplicaram nos últimos dez anos, esta passou a ser a triste realidade de um número muito maior de crianças. A síndrome, que é considerada uma forma de abuso emocional, pode causar a elas sentimento crônico de culpa, depressão crônica, comportamento hostil e transtornos de identidade.

O projeto foi idealizado pelo juiz do trabalho Elizio Luiz Perez, apoiado pelo Instituto Brasileiro de Direito de Família (Ibdfam), e levado à Câmara pelo deputado Régis de Oliveira (PSC-SP). Está caminhando bem pelas comissões e, pelo que ouví, deverá ser aprovado sem maiores dificuldades.

Mas fiquei pensando como tal crime silencioso poderá ser comprovado, para que haja a devida penalização. Como reunir provas concretas do que ocorre dentro dos lares, sem testemunhas, e muitas vezes até sem palavras???

De acordo com a proposta, uma vez acontecendo a denúncia, a Justiça deverá determinar que uma equipe multidiscplinar, formada por educadores e psicólogos, para ouvir familiares, testemunhas e a própria criança ou adolescente. Por mais que seja difícil comprovar, já é um belo passo. "O Judiciário tende a ser conservador ao tratar do assunto. O projeto busca dar aos juízes e promotores ferramentas mais adequadas, criando definições e um ordenamento jurídico para lidar com o tema", afirma Elizio Peres.

Abaixo, transcrevo o que o projeto determina como formas de alienação parental e ainda um link do site onde você poderá assistir ao trailer do filme A Morte Inventada:

- realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade;

- dificultar o exercício do poder familiar;

- dificultar contato da criança com o outro genitor;

- apresentar falsa denúncia contra o outro genitor para dificultar seu convívio com a criança;

- omitir deliberadamente do outro genitor informações pessoais relevantes sobre a criança, inclusive informações escolares, médicas e alterações de endereço;

- mudar de domicílio para locais distantes, sem justificativa, visando dificultar a convivência com o outro genitor.

http://www.amorteinventada.com.br/portugues.html

O sono dos amantes


Um artigo publicado na edição de junho da revista americana Sleep revela que a má qualidade de sono prejudica o relacionamento a dois. E que o relacionamento a dois, por sua vez, pode prejudicar o sono. Vou explicar:

O estudo foi feito por psicólogos da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, com 29 casais heterossexuais que dividem diariamente a mesma cama e não têm filhos. Não preciso nem explicar porque foram escolhidos casais sem filhos, né??? Quando tive a minha filha, depois da primeira noite em casa, pensei: Nunca mais terei uma noite de sono sem interrupções!!!

Mas vamos à pesquisa...

Fizeram uma espécie de diário de sono de cada uma dessas pessoas e colheram anotações feitas por eles sobre o dia-a-dia do relacionamento O resultado foi o que eles chamaram de "associação bidirecional" entre a qualidade do sono e a satisfação com a relação a dois - e com diferenças de gênero:

- Nos homens, uma noite mal dormida traz perturbações na vida conjugal no dia seguinte.
- Nas mulheres, são os desentendimentos durante o dia que se refletem em uma noite mal dormida.

E os pesquisadores chamam atenção para o seguinte: essas duas formas de ligação entre relacionamento e sono podem se retroalimentar e acabar causando uma crise conjugal.

Ou seja: mais do que nunca, a máxima de resolver conflitos antes de ir pra cama está valendo. E a este soma-se outro mandamento: se ele não dormiu bem à noite, nada de querer discutir a relação durante o dia. Com ele já impaciente por ter dormido mal, o resultado pode ser uma bela discussão…o que vai fazer com que você durma mal…E uma espiral de brigas se inicia.

Por mais que estes estudos sejam uma pouco simplistas, achei interessante...

Mas e quando a causa da noite mal dormida é justamente quem está ao lado???

Eu não ronco - tenho no máximo um ronronar suave.:)

É fato, porém, que alguns casais sofrem com os barulhos do parceiro de cama. Se o homem ronca , a mulher fica reclamando e não deixa ele dormir. No dia seguinte (seguindo os resultados da pesquisa), ele estará de mau humor e vai descontar nela que, chateada com a briga, não vai conseguir dormir direito e vai passar a madrugada toda se incomodando mais ainda com os roncos…Daí pro divórcio é um pulo, não?

Uma pesquisa feita nos Estados Unidos por uma associação de construtoras diz que, até 2015, 60% das novas moradias terão dois quartos principais para o casal dormir separado. O motivo seria manter a harmonia no casamento. Além do ronco, há quem se mexa muito, chute o outro ou goste de ver televisão na cama até tarde.
Eu acho isso horrível. Uma das melhores coisas do casamento é dormir junto.

E você, o que você acha???

domingo, 21 de junho de 2009

Por que a vida não pode ser leve???



Você já parou para se perguntar por que será que para alguns a vida é tão fácil, tão leve, e para outros tudo é problema, uma complicação???

Nunca entendi como existem pessoas que estão gripadas, cheias de febre, e se levantam da cama, mesmo se sentindo péssimas, para ir ao dentista.

Qual seria o problema de desmarcar??? Nenhum. Mas elas são exigentes com elas mesmas e, se deram a palavra, mesmo sendo uma simples ida ao dentista, não podem falhar.

Essas pessoas, se são duras com elas mesmas, são também duras com os outros. Elas criam expectativas, para o bem e para o mal, que não podem ser frustradas, sob pena de cair em profundo sofrimento.

Se uma dessas pessoas complicadas programar uma viagem maravilhosa para as ilhas gregas, quando voltar ela vai falar apenas de como é difícil viajar nos dias de hoje, dos atrasaos nos vôos, dos aeroportos cheios, da bagagem que demorou a chegar na esteira, e vai se esquecer de contar as coisas maravilhosas que viu, até porque talvez ela não tenha visto nada, apenas olhado, o que não tem nada a ver.

Mesmo boas notícias que não estavam programadas contrariam os viciados em sofrer. O imprevisto, mesmo, e sobretudo, em se tratando de coisas boas, transtorna certas pessoas; a vida para elas é difícil, dura.

Parece que não se pode ser feliz porque o castigo vem depois. Elas adiam qualquer prazer por nada, ou talvez para não terem prazer. Quando vêm alguém com pouco ou nenhum futuro pela frente, um empreguinho de nada, sem perspectivas, sendo feliz, dando não uma, mas várias gargalhadas, elas se sentem quase ofendidas.

O lema dessas pessoas é esse: "A vida não é fácil". A visão de uma pessoa que acha que a vida pode ser fácil e leve faz mal aos difíceis. Só que a vida ser fácil ou difícil depende, e muito, de como se é.

Quem é difícil não suporta a companhia de gente leve. E você já reparou que essas pessoas encontram sempre alguém difícil quanto elas para conviver???

E o que é uma pessoa fácil??? É aquela que, se você passar na casa dela na hora do almoço e não tiver nada na geladeira, diz, alegremente, que não tem problema, que em cinco minutos resolve tudo, e pergunta o que você quer: se um omelete, com um com azeitonas cortadinhas, ou se prefere uns ovos mexidos...

Mas isso nunca vai acontecer: uma pessoa difícil nunca chega à casa do outro sem avisar, para que o outro nunca, jamais, faça isso com ele, que só de pensar nessa possibilidade já fica estressado; difícil lidar com pessoas difíceis.

Não há quem não tenha uma amiga ou amigo difícil; eu tenho alguns, e você também deve ter, claro. E o mais inexplicável é que continuo gostando deles, me dando com eles, telefonando para eles, como provavelmente acontece com você. Por que será???

BUNDA DURA


Tenho horror a mulher perfeitinha. Sabe aquele tipo que faz escova toda manhã, tá sempre na moda e é tão sorridente que parece garota-propaganda de processo de clareamento dentário?
E, só pra piorar, tem a bunda dura!!!
Pois então, mulheres assim são um porre.
Pior: são brochantes. Sou louco?
Então tá, mas posso provar a minha tese. Quer ver?

a) Escova toda manhã:
A fulana acorda as seis da matina pra deixar o cabelo parecido com o da Patrícia de Sabrit. Perde momentos imprescindíveis de rolamento na cama, encoxamento do namorado, pegação, pra encaixar-se no padrão “Alisabel”, que é legal…
Burra.

b) Na moda:
Estilo pessoal, pra ela, é o que aparece nos anúncios da Elle do mês. Você vê-la de shortinho, camiseta surrada e cabelo preso? JAMAIS! O que indica uma coisa: ela não vai querer ficar desarrumada nem enquanto estiver transando. É capaz até de fazer pose em busca do melhor ângulo perante o espelho do quarto…
Credo.

c) Sorriso incessante:
Ela mora na vila dos Smurfs? Tá fazendo treinamento pra Hebe? Sou antipático com orgulho, só sorrio para quem provoca meu sorriso. Não gostou? Problema seu. Isso se chama autenticidade, meu caro. Coisa que, pra perfeitinha, não existe. Aliás, ela nem sabe o que a palavra significa…
Coitada.

d) Bunda dura:
As muito gostosas são muito chatas. Pra manter aquele corpão, comem alface e tomam isotônico (isso quando não enfiam o dedo na garganta pra se livrar das 2 calorias que ingeriram), portanto não vão acompanhá-lo nos pasteizinhos nem na porção de bolinho de arroz do sabadão. Bebida dá barriga e ela tem H-O-R-R-O-R a qualquer carninha saindo da calça de cintura tão baixa que o cós acaba onde começa a pornografia: nada de tomar um bom vinho com você.
Cerveja?
Esquece!
Melhor convidar o Jorjão…
Pois é, ela é um tesão. Mas não curte sexo porque desglamouriza, se veste feito um manequim de vitrine do Iguatemi, acha inadmissível você apalpar a bunda dela em público, nunca toma porre e só sabe contar até quinze, que é até onde chega a seqüência de bíceps e tríceps.
Que beleza de mulher.
E você reparou naquela bunda?
Meu… Deus!!!

Legal mesmo é mulher de verdade. E daí se ela tem celulite? O senso de humor compensa… Pode ter uns quilinhos a mais, mas é uma ótima companheira de bebedeira. Pode até ser meio mal educada quando você larga a cueca no meio da sala, mas adora sexo. Porque celulite, gordurinhas e desorganização têm solução (e, às vezes, nem chegam a ser um problema). Mas ainda não criaram um remédio pra futilidade. Nem pra dela, nem pra sua!

E tem outra …. mulher bonita demais e melancia grande, ninguém come sozinho!!!!!!!

(Arnaldo Jabor)

sexta-feira, 19 de junho de 2009

MÉDICOS TRATAM CORAÇÃO PARTIDO


Antes que sua melhor amiga comece a discursar, dizendo que todo o sofrimento é psicológico, corte o assunto e diga que até a ciência já reconhece o problema como um mal físico. Lí isso hoje, e estou postando por ser um assunto de interesse geral... Afinal de contas quem nunca sofreu desse mal???

Quando o relacionamento termina, não tem jeito: o peito aperta e o coração dói, como se tivesse levado uma pancada.

Um estudo recente, publicado na revista American Journal of Cardiology, conseguiu mapear de onde vem a dor: ela é causada pelo aumento de hormônios e pelo estresse em excesso, apresentando os mesmos sintomas de um ataque cardíaco (falta de ar e dores no peito).

Mas, felizmente, a síndrome do coração partido, como foi batizada pelos especialistas, é totalmente reversível e temporária. Após acompanhar 70 pacientes com características da síndrome, os médicos relataram que todos venceram o problema, incluindo os 20% em estado crítico. O tratamento aconteceu basicamente com aspirinas ou remédios cardíacos, que ajudam a controlar os batimentos do coração, diminuindo a sensação de mal-estar.

Mas nada de tentar um tratamento caseiro. A cardiologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Denise Hachul, afirma que os sintomas servem de sinal de alerta e devem ser respeitados quando o assunto é a saúde do coração. “Eles são um sinal do corpo, avisando que precisa de socorro. No caso do infarto do miocárdio, por exemplo, as dores surgem pela falta de oxigênio no coração. A opinião de um especialista é a melhor maneira de lidar com qualquer inconveniente”. O próximo passo da pesquisa é verificar se os sintomas causam algum dano duradouro para o coração.

Fonte: Informe Yahoo

A massacrante felicidade alheia



Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma. Estamos todos no mesmo barco. Há no ar um certo queixume sem razões muito claras. Converso com mulheres que estão entre os 40 e 50 anos, todas com profissão, marido, filhos, saúde, e ainda assim elas trazem dentro delas um não-sei-o-quê perturbador, algo que as incomoda, mesmo estando tudo bem. De onde vem isso?

Anos atrás, a cantora Marina Lima compôs com o seu irmão, o poeta Antonio Cícero, uma música que dizia: “Eu espero/ acontecimentos/ só que quando anoitece/ é festa no outro apartamento”... Passei minha adolescência com esta sensação: a de que algo muito animado estava acontecendo em algum lugar para o qual eu não tinha convite.

É uma das características da juventude: considerar-se deslocado e impedido de ser feliz como os outros são - ou aparentam ser. Só que chega uma hora em que é preciso deixar de ficar tão ligada na grama do vizinho. As festas em outros apartamentos são fruto da nossa imaginação, que é infectada por falsos holofotes, falsos sorrisos e falsas notícias. Os notáveis alardeiam muito suas vitórias, mas falam pouco das suas angústias, revelam pouco suas aflições, não dão bandeira das suas fraquezas, então fica parecendo que todos estão comemorando grandes paixões e fortunas, quando na verdade a festa lá fora não está tão animada assim. Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma.

Estamos todos no mesmo barco, com motivos pra dançar pela sala e também motivos pra se refugiar no escuro, alternadamente. Só que os motivos pra se refugiar no escuro raramente são divulgados. Pra consumo externo, todos são belos, sexys, lúcidos, íntegros, ricos, sedutores. “Nunca conheci quem tivesse levado porrada/ todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo”. Fernando Pessoa também já se sentiu abafado pela perfeição alheia, e olha que na época em que ele escreveu estes versos não havia esta overdose de revistas que há hoje, vendendo um mundo de faz-de-conta. Nesta era de exaltação de celebridades - reais e inventadas - fica difícil mesmo achar que a vida da gente tem graça.

Mas tem... Paz interior, amigos leais, nossas músicas, livros, fantasias, desilusões e recomeços, tudo isso vale ser incluído na nossa biografia. Ou será que é tão divertido passar dois dias na Ilha de Caras fotografando junto a todos os produtos dos patrocinadores? Compensa passar a vida comendo alface para ter o corpo que a profissão de modelo exige? Será tão gratificante ter um paparazzo na sua cola cada vez que você sai de casa? Estarão mesmo todos realizando um milhão de coisas interessantes enquanto só você está sentada no sofá pintando as unhas do pé? Favor não confundir uma vida sensacional com uma vida sensacionalista... As melhores festas acontecem dentro do nosso próprio apartamento.

Martha Medeiros

A DULCÍSSIMA ESPERA



Mulher nasceu para esperar. Não, essa não é uma opinião inventada por um machista para que elas se sintam diminuídas; aliás, que mal há em esperar? Elas simplesmente foram feitas para isso, está marcado a ferro e fogo no DNA de todas nós, o que não é razão para ficar triste, querer mudar a rotação do planeta nem queimar os relógios para provar que somos iguais aos homens porque não somos.

As mulheres já nascem esperando pelo dia em que alguma coisa vai acontecer, como, por exemplo, casar de véu e grinalda. Os homens, não; eles vão levando, pegando o que aparecer - em todos os sentidos - e sem pensar muito no futuro. Você algum dia ouviu falar de algum homem que tenha sonhado com o dia em que encontraria sua princesa encantada? É claro que não. Já as mulheres, todas elas, sonham com seu príncipe - que não chamam de príncipe, claro, pois seria de uma antigüidade atroz -, mas com um homem. O homem de sua vida. Passam-se os anos e elas continuam esperando; as solteiras, as viúvas, as desquitadas e as casadas.

O homem da vida de uma mulher nunca é o atual: é sempre o que elas esperam encontrar, com características tão fantásticas que só mesmo nos sonhos podem ser encontradas. Enquanto isso não acontece, elas vão levando: trabalham, se casam, têm filhos e continuam esperando o momento do Grande Encontro - com maiúscula e tudo.
Algumas são mais impacientes e tentam atropelar, mas dificilmente escapam de esperar por um telefonema - ou um e-mail, as mais modernas. Essas, as mais modernas, nunca passaram pela emoção de esperar uma carta e esta um dia chegar. Aquela de duas ou três páginas bem dobradas, escrita à mão, que a gente lia com o coração batendo e levava para onde fosse. E muitas vezes, quando sozinha num café ou num restaurante, tirava da bolsa e lia de novo até saber de cor certos trechos. Quanta emoção, meu Deus.

As mulheres esperam na praia que os barcos de pesca cheguem trazendo seus homens, e os livros falam daquelas que esperavam pelos embarcados - os marinheiros. Pense no que devia ser esperar durante meses por um navio, e quando ele aparecia lá longe, apitando, no horizonte. É bonito, o som do apito de um navio. Os imigrantes - homens - iam tentar a vida em outro continente e mandavam vir suas mulheres seis, sete, dez anos depois, quando a vida já estava mais ou menos arrumada. E as mulheres sempre esperaram por seus homens que haviam ido para a guerra.

Mas hoje, por quanto tempo uma mulher esperaria? Elas ainda esperam, sim, mas por um tempo curto. Tão curto que quando eles chegam - se chegam - a alegria é aguada, pífia; o tempo da espera valorizava as emoções que se sentia depois. Emoção - um artigo muito em falta nos dias de hoje. Ok, alguns homens esperam por suas mulheres, as executivas que vão para São Paulo de tailleur e pasta. Esperam, mas em termos. Enquanto o homem espera, a vida continua; eles vêem o futebol, saem para tomar um chope, olham para as mulheres que passam e dizem uma gracinha, e quando elas chegam, ótimo.

Para uma mulher que espera, a vida pára. Ela não acha graça em nada, e se sair para fingir que é capaz de se distrair - ou para parecer que -, está ligada nele; terá ele telefonado? Terá chegado? Ah, que bom, se ligou e não a encontrou. Esse é o grande problema entre mulher e homem. Elas só pensam neles; já eles, não. E aí, fica difícil. Mulher foi feita para esperar, começando pelos filhos. São nove meses esperando, e nada, rigorosamente nada pode ser feito para abreviar esse tempo. Não é que elas sejam resignadas; apenas é assim, tem sido assim desde que o mundo é mundo. E vai continuar sendo. O tempo vai passar, tudo vai ficar cada vez mais moderno e a mulher vai estar sempre esperando que um dia alguma coisa aconteça e ela se transforme na pessoa mais feliz do mundo.

E sabe por quê? Porque mulher nunca perde a esperança. Não todas: algumas tomaram muito cedo a decisão de não esperar por mais nada, muito menos por um homem, seja ele quem for. É, digamos assim, uma questão de atitude, palavra muito em voga nos dias de hoje. Uma pena: elas não sabem o que estão perdendo. E tomando a liberdade de ser um pouquinho romântica: ir para o cais e ver o navio atracar depois de meses de espera e ele descer correndo para dar aquele abraço forte, bem forte, devia ser a coisa melhor do mundo. Do mundo.

Danusa Leão

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Tempo


Observações sensíveis e precisas marcaram a maioria dos textos de William Shakespeare. Em um de seus muitos pensamentos sobre o "tempo", ele escreveu: "O tempo é muito lento para os que esperam, muito rápido para os que têm medo, muito longo para os que lamentam, muito curto para os que festejam".
O dramaturgo inglês tinha razão. Quanto a contagem, o tempo é sempre igual, exatos um segundo atrás do outro. No entanto, quanto a velocidade, ele é repleto de variáveis para quem espera, tem medo, quem lamenta ou festeja. É como tentar prever o imprevisível, sobra tempo, falta previsão.

Pablo Neruda também escreveu sobre a importância do conteúdo do nosso tempo, que não deve ser negligenciado em hipótese alguma. Ele escreveu que "Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo". É verdade! Precisamos viajar e conhecer lugares, viajar nos livros, viajar na música, viajar de mãos dadas com a Graça!

Tudo isso pertence a Deus! Os lugares Ele criou, os livros Ele inspirou, a música Ele gravou nas notas musicais, a graça Ele doou! O tempo com Deus é rico, imprevisível no aspecto da surpresa, mas totalmente previsível no aspecto da certeza. Da certeza que o nosso tempo não está sendo desperdiçado, de que não estamos morrendo lentamente, de que a vida está sendo vivida intensamente.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Keane



Gostaria de compartilhar o gosto por uma banda inglesa chamada Keane. Eles cantam um estilo conhecido como "piano rock", com um formato minimal, sem guitarra, somente piano , bateria e voz. Gosto das letras dessa banda pelas reflexões profundas e a voz melodiosa do vocalista Tom Chaplin, esse fofinho da foto... Não são muito conhecidos no Brasil, mas costumam abrir os shows do U2 pelo mundo a fora.
Essa música é tema do filme A Casa do lago... Espero que gostem!!! http://www.youtube.com/watch?v=AvM6uuRgYOI

PAC dos homens...




Lí que uma revista de fofocas da Espanha criou o PAC das celebridades. P de pecho. A de abdomen. C de culos. O PAC do presidente Lula é um programa de aceleração de crescimento. O PAC dos famosos na Espanha define um ranking e mostra que é quase impossível ter na medida certa peito, barriga e bunda, mesmo no universo de quem vive das aparências. O crescimento de alguns setores é acelerado com a idade, o chope e o silicone.

Nada mais idiota, certo??? Errado!!! Muita gente se preocupa, ao se olhar no espelho. E a maioria se diverte com o mundo dos famosos. Penelope Cruz tem mais pecho que culos. Tanto que, para fazer a espanhola sensual de Volver, de Almodóvar, colocou uma bunda postiça, para rebolar com mais conteúdo e propriedade dentro das saias justas.

Mas este PAC é de homens. Sete homens. Você pode votar no seu favorito. E checar se entende do assunto.

Primeiro vem a barriga, para falar de algo bem masculino cultivado no botequim. Quem gosta de barriga tanquinho em homem? Aqueles gomos todos duros dão um certo nervoso. Criam uma expectativa. É duro corresponder. Prefiro a barriguinha de homem reta, sem ser definida demais. É a mais cômoda e normal. Adoro homens normais. Não dá é para deixar o barrigão crescer com a cerveja e o sofá – e ainda ter a pachorra de criticar mulheres "caídas". Já repararam como os barrigudos são exigentes em matéria de PAC de mulher???

Um tórax estufado demais pode não fazer o gênero de muitas. Só em calendário de oficina e eventualmente nos exibicionistas das novelas, sempre sem camisa. Mas é aconselhável conservar o peito no lugar com uma malhação básica. A bunda é uma questão filosófica no homem: ter ou não ter. Sabe a melancia, o melão, o moranguinho? Pois é, mulher também olha as costas do homem, pensa em frutas e repara na curva e consistência da cintura pra baixo. Só para dar uma conferida. Não conheço mulher tão obtusa a ponto de começar a se apaixonar por um homem pela bunda.

O conjunto harmonioso costuma ser o mais atraente. Homem bombadaço não dá. Caidaço também não. Obsessão narcisista ou desleixo total com a aparência revelam uma certa doença do espírito.

PS: Estava procurando uma foto do Gianechinni para ilustrar este post e vocês nem imaginam como foi difícil escolher... Vem ser bonito assim aqui em casa!!!!!

Mulheres visíveis


Muitas mulheres se perguntam: afinal, o que querem os homens???

O filme Mulher Invisível, que estreiou na semana passada, com Luana Piovani e Selton Mello, dá boas dicas.

A história é a seguinte: largado pela mulher e infeliz, Pedro (Selton) deprime. Esquece o trabalho, os amigos, os compromissos. Um dia a nova vizinha, Amanda (Luana), bate à sua porta pedindo uma xícara de açúcar. É o suficiente para a adoçar a vida do moço. Ela é o sonho de todo homem, porque:

- É sexy
- Faz uma faxina como ninguém
- Espera o cara com jantar pronto e banho preparado
- Adora futebol

Amanda, como todo mundo sabe e o título do filme entrega, não existe. Só Pedro a vê.
Mas será que não existe mesmo???

Tudo bem que nem todas as mulheres podem ser bonitas como Luana Piovani. Mas - faxinas à parte - é tão difícil assim ser uma mulher de sonho???

Que mulher não pode ser sexy? Lembrando que é mais uma questão de atitude e não só de lingerie.
Quem não pode fazer um agrado ao seu homem de vez em quando??? Levar um café na cama pode operar milagres num relacionamento. Especialmente porque os homens felizes adoram servir suas amadas, em retorno.

Agora, o que parece difícil pode ser o mais fácil de tudo: o futebol!!! Quem nunca experimentou a diversão e a cumplicidade de assistir à uma final do campeonato com o parceiro não sabe o melhor da festa. Acredite, a comemoração pode ser uma delícia sempre.

Claro que, para isso, é preciso torcer para o mesmo time.

Mas o mais bacana do filme é mostrar que os homens e mulheres possíveis podem estar ao seu lado e você - focado em expectativas impossíveis - corre o risco de deixá-los passar.

O que faz um homem ou uma mulher de sonho para você???

E eu que pensei que já tivesse visto de tudo...


Quando você pensa que já viu de tudo nessa vida... o mundo das celebridades tem sempre algo de novo - e absurdo - para revelar.

Acabei de receber este email: "WTN Absoluta pode avisar a mulher moderna, que usa torpedo de celular, o passo a passo do parto da filha de Joana Prado, a ex-Feiticeira. A cada contração, uma mensagem. Não é emocionante? Quem quiser também pode mandar mensagens de apoio!"

Eu não sei nem o que dizer... Pois não sei se é pior oferecer este serviço, comprar este serviço ou vender o próprio parto. Só sei que eu tenho medo. Tenho muito medo!!!

sábado, 6 de junho de 2009

Casem por dinheiro...


É o que prega o livro recém-lançado nos Estados Unidos (algo como "Garotas casam com dinheiro: como as mulheres foram levadas a acreditar no sonho romântico – e como estão pagando por isso"), escrito por Daniela Drake, médica que fez MBA e trabalhou com consultoria, e Elizabeth Ford, produtora de TV ganhadora de um Emmy. Bem sucedidas profissionalmente, mas separadas de seus maridos, elas se sentiram no dever de alertar as mulheres para o que classificam como um erro: casar-se por amor.

As autoras voltam ao mundo pré-feminismo para defender que é estúpido o romance servir de base para um casamento. Elas dizem que, quando o amor não era razão para fazer um casamento, ele também não virava motivo para seu fim. Daniela separou-se do marido por achar que o amor tinha acabado, mas se arrependeu. "As coisas poderiam ser diferentes se eu soubesse que o amor é transitório e que sua falta não é razão para terminar um casamento", disse ao jornal britânico The Times. Detalhe: seu ex-marido enriqueceu depois da separação. Pelo jeito, o arrependimento surgiu do saldo da conta bancária.

Mas preocupar-se com dinheiro na hora de escolher um homem não é uma vergonha, como o título do livro já deixa claro. Para quem tem dúvida, elas esclarecem: "Em vez de procurar por amor, procure por segurança, daquele tipo que você possa contar em dólares e cents".

As autoras questionam quem torce o nariz para o conselho: "Por que a sociedade aplaude uma mulher que fica caída pelos grandes olhos azuis de um cara e denuncia outra que escolhe um homem com uma conta bancária cheia de verdinhas? Qual a diferença? Ganhar dinheiro é, antes de tudo, um reflexo de seus valores e caráter. Grandes olhos azuis? Nem tanto."

Você se casaria por dinheiro?

Talvez essa relação entre caráter e dinheiro seja mais verdadeira nos Estados Unidos do que no Brasil, mas os conselhos das duas realmente fazem algum sentido. Elas recorreram até a pesquisas científicas para mostrar por que as mulheres devem se preocupar com o dinheiro na hora de casar. Uma pesquisa do professor Stephen Jenkins, diretor do Instituto para Pesquisa Econômica e Social, por exemplo, mostra que cinco anos depois do divórcio, os homens estavam 25% mais ricos e as mulheres, mais pobres do que quando eram casadas. A principal razão para isso, segundo o estudo, é a diferença de remuneração entre homens e mulheres, que fica ainda maior quando elas têm filhos.

OK!!! Acho que todas concordamos que amor não enche barriga, mas eu, que ainda não me casei, pergunto-me se conseguiria tomar uma decisão dessas olhando para esse dado frio: conta bancária.

Talvez eu seja mesmo uma boba romântica... Mas se já é difícil conviver com quem amamos, como seria, então, dividir a vida com o "senhor segurança financeira"???

quarta-feira, 3 de junho de 2009

A magia de voar



"Desde 1906, quando Santos Dumont pilotou o primeiro avião, o 14-Bis, fazendo-o levantar voo com total autonomia, sem a ajuda de uma catapulta (como fizeram três anos antes os irmãos Wright), o mundo se curvou diante dessa invenção.

O avião tem mais de 100 anos e segue mantendo uma aura de mistério e classe. Voar sempre foi o maior desejo do homem, e mesmo que hoje cruzem pelo céu milhares de aeronaves que partem e chegam dos mais diversos pontos, ainda assim é um meio de transporte que não se trivializou, e creio que manterá para sempre sua imponência.

Diariamente, vidas se perdem em acidentes de ônibus, de carro, de moto, de barco, e tudo é sempre muito comovedor, pois é o destino interrompendo a trajetória de alguém. Uma vez escutei que a morte de uma única pessoa é sempre uma tragédia, enquanto que a morte de centenas é apenas uma estatística. Uma visão fatalista da realidade, mas que não se aplica aos acidentes aéreos.

Recentemente, uma família inteira faleceu durante a explosão de uma aeronave que aterrissava em Trancoso, na Bahia, e ficamos compungidos. Agora são 228 homens e mulheres desaparecidos, e ficamos muito mais. Nenhum desses corpos faz parte de uma estatística, e sim de um mito: a morte coletiva no veículo que é considerado o mais seguro do mundo e, ao mesmo tempo, a morte individual do sonho de cada um dos passageiros e tripulantes. Porque um avião está sempre carregado de sonhos.

A garota que finalmente conseguiu uma bolsa para estudar na Europa. O casal que contava os minutos para sua lua-de-mel. O grupo de amigos que economizou anos para fazer uma longa viagem depois da formatura. O empresário que se preparou para fechar um acordo internacional. O artista que iria lançar seu trabalho em solo estrangeiro. O jogador de futebol se transferindo de time. A mãe que visitaria a filha pela primeira vez do outro lado do oceano. Um avião transporta todas essas histórias que, para a grande maioria da população, são contos-de-fada.

Mesmo nos voos domésticos, muitos deles precedidos de atrasos e bagunças em aeroportos, a fleuma se mantém. Ninguém esquece a primeira vez em que apertou o cinto e prestou a maior atenção nas informações que a comissária transmitia, com seus braços parecendo asas sinalizando as saídas de emergência. Nervosismo e êxtase: o risco levado a sério.

Então aquele bicho enorme e pesado ganha velocidade e começa a subir. A cidade vai ficando minúscula lá embaixo, as nuvens vão passando ao lado da sua janela, e o dia nublado e chuvoso deixado pra trás transforma-se num céu límpido, descortinado. Poucas horas depois, Rio de Janeiro, Salvador. Outras horas adiante, Londres, Nova York. Isso nunca vai ser considerado banal, por mais milhas que um viajante acumule.

Todas as pessoas têm sonhos, não importa de que tamanho. Todas merecem ser pranteadas, não importa de que modo falecem. Mas há coisas na vida que pertencem a um deslumbramento que não obedece à lógica. Um avião que cumpre a sua trajetória do início ao fim está realizando um passe de mágica com o qual ainda não nos acostumamos, prova disso é o número de gente que, em terra firme, assiste decolagens e aterrisagens como se fosse um espetáculo - e é.

Quando a mágica não funciona, voltamos todos a um estado de descrença e dor: a ilusão não se cumpriu."

Martha Medeiros
para o Jornal Zero Hora

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Coisas que a vida ensina depois dos 40



Mas nada impede que se aprenda antes...

"Amor não se implora, não se pede não se espera...
Amor se vive ou não.

Ciúmes é um sentimento inútil. Não torna ninguém fiel a você.

Animais são anjos disfarçados, mandados à terra por Deus para
mostrar ao homem o que é fidelidade.

Crianças aprendem com aquilo que você faz, não com o que você diz.

As pessoas que falam dos outros pra você, vão falar de você para os outros.

Perdoar e esquecer nos torna mais jovens.

Água é um santo remédio.

Deus inventou o choro para o homem não explodir.

Ausência de regras é uma regra que depende do bom senso.

Não existe comida ruim, existe comida mal temperada.

A criatividade caminha junto com a falta de grana.

Ser autêntico é a melhor e única forma de agradar.

Amigos de verdade nunca te abandonam.

O carinho é a melhor arma contra o ódio.

As diferenças tornam a vida mais bonita e colorida.

Há poesia em toda a criação divina.

Deus é o maior poeta de todos os tempos.

A música é a sobremesa da vida.

Acreditar, não faz de ninguém um tolo. Tolo é quem mente.

Filhos são presentes raros.

De tudo, o que fica é o seu nome e as lembranças a cerca de suas ações.

Obrigada, desculpa, por favor, são palavras mágicas, chaves que
abrem portas para uma vida melhor

O amor... Ah, o amor...

O amor quebra barreiras, une facções,
destrói preconceitos, cura doenças...

Não há vida decente sem amor!

E é certo, quem ama, é muito amado.
E vive a vida mais alegremente..."

Artur da Távola

Modo de usar-se



"Coitada, foi usada por aquele cafajeste". Ouvi essa frase na beira da praia, num papo que rolava no guarda-sol ao lado. Pelo visto a coitada em questão financiou algum malandro, ou serviu de degrau para um alpinista social, sei lá, só sei que ela havia sido usada no pior sentido, deu pra perceber pelo tom do comentário. Mas não fiquei com pena da coitada, seja ela quem for.

Não costumo ir atrás desta história de "foi usada". No que se refere a adultos, todo mundo sabe mais ou menos onde está se metendo, ninguém é totalmente inocente. Se nos usam, algum consentimento a gente deu, mesmo sem ter assinado procuração. E se estamos assim tão desfrutáveis para o uso alheio, seguramente é porque estamos nos usando pouco.

Se for este o caso, seguem sugestões para usar a si mesmo: comer, beber, dormir e transar, nossas quatro necessidades básicas, sempre com segurança, mas também sem esquecer que estamos aqui para nos divertir. Usar-se nada mais é do que reconhecer a si próprio como uma fonte de prazer.

Dançar sem medo de pagar mico, dizer o que pensa mesmo que isso contrarie as verdades estabelecidas, rir sem inibição – dane-se se aparecer a gengiva. Mas cuide da sua gengiva, cuide dos dentes, não se negligencie. Use seu médico, seu dentista, sua saúde.

Use-se para progredir na vida. Alguma coisa você já deve ter aprendido até aqui. Encoste-se na sua própria experiência e intuição, honre sua história de vida, seu currículo, e se ele não for tão atraente, incremente-o. Use sua voz: marque entrevistas.
Use sua simpatia: convença os outros. Use seus neurônios: pra todo o resto.

E este coração acomodado aí no peito? Use-o, ora bolas. Não fique protegendo-se de frustrações só porque seu grande amor da adolescência não deu certo. Ou porque seu casamento até-que-a-morte-os-separe durou "apenas" 13 anos. Não enviuve de si mesmo, ninguém morreu.

Use-se para conseguir uma passagem para a Patagônia, use-se para fazer amigos, use-se para evoluir. Use seus olhos para ler, chorar, reter cenas vistas e vividas – a memória e a emoção vêm muito do olho. Use os ouvidos para escutar boa música, estímulos e o silêncio mais completo. Use as pernas para pedalar, escalar, levantar da cama, ir aonde quiser. Seus dedos para pedir carona, escrever poemas, apontar distâncias. Sua boca pra sorrir, sua barriga para gerar filhos, seus seios para amamentar, seus braços para trabalhar, sua alma para preencher-se, seu cérebro para não morrer em vida.

Use-se. Se você não fizer, algum engraçadinho o fará. E você virará assunto de beira de praia.

Martha Medeiros

sábado, 30 de maio de 2009

Tomara-que-caia...



Eu sou uma apaixonada por modelos tomara-que-caia, por isso resolvi pesquisar o assunto para não fazer feio, para saber se posso usar, e por quanto tempo ainda poderei fazer uso... Foi aí que encontrei essa matéria com dicas preciosas sobre o assunto...

O texto abaixo é de Ruth de Aquino e foi extraído da coluna 'Mulher 7x7' da Revista Época.

"É uma cena recorrente. No calor, sempre tem alguma mulher de tomara-que-caia puxando o vestido pra cima e ajeitando os seios. Quando o corpo ajuda e o design também, um tomara-que-caia bem cortado causa sensação. Pode fazer padre tropeçar na batina e bater com a cara no poste. Mas, quando está tudo errado, o efeito é o oposto. Sabe quando os seios se tornam duas almofadas perto do pescoço? Em vez de sexy, uma mulher pode parecer mais velha ou mais gorda com um tomara-que-caia. É um perigo.

Quando vi ontem a atriz Susana Vieira de longo laranja rodado tomara-que-caia em Portugal, resolvi perguntar a duas estilistas, Costanza Pascolatto e Gloria Kalil, quem pode usar esse tipo de vestido sem risco. Não perguntei em proveito próprio. Além de não ter nada a ver comigo, eu não me sentiria confortável – e quando não me sinto confortável, é impossível eu me sentir bem e, menos ainda, sensual ou desejada. Mas admiro as mulheres que ousam e ficam lindas com um tomara-que-caia.

Diz a lenda que o primeiro tomara-que-caia que causou foi o da atriz Rita Hayworth (foto) no filme Gilda, em 1946. Ela canta Put the Blame on Mame usando um modelo de cetim e luvas compridas. Divina.

Mesmo sem ser Gilda, é possível usar tomara-que-caia com classe. Hoje, é o modelo de decote favorito das noivas. Aí vão 14 dicas de duas mulheres que entendem tudo.


Glorinha Kalil

1 - Quem tem corpo curto não deve usar. Porque fica sem espaço entre o pescoço e a cintura.

2 - Seios grandes são um complicador. O vestido muito estruturado joga os seios para cima, junto aos braços. Se o vestido não tiver estrutura, os seios ficam meio achatados e caídos – e o vestido pode acabar caindo também com o peso.

3 - Tomara-que-caia exige cintura fina. Estômago saliente fica mais saliente ainda. De perfil, fica feio. As muito baixinhas e sem cintura parecem uma salsicha num tomara-que-caia muito justo.

4 - As costas precisam ser magras. Senão, o vestido faz umas pregas, uns rolinhos nas costas, alem de saltar gordura por cima.

5 - Quem tem seios pequenos precisa ajustar o vestido ao corpo como uma segunda pele, não pode ser frouxo, senão despenca.

6 - Não há limite de idade. O mais importante para vestir bem um tomara-que-caia é a qualidade dos braços. Mulheres mais velhas com braços razoáveis podem ficar elegantes com vestidos sem alça, no modelo apropriado.

7 - A pele tem de ser boa. No tomara-que-caia, o colo fica na bandeja, na altura do olho. Mostra o que você tem de melhor. Ou de pior.


Costanza Pascolatto

1 - O bronzeado da brasileira valoriza o tomara-que-caia. As muito brancas não ficam tão bem. Dá um certo enjoo ver toda aquela alvura exibida: braços, costas, colo. Para as branquinhas, é melhor que o vestido seja de cor escura, para dar contraste. Evitem o bege, o creme.

2 - Mulheres com ombros estreitos e redondos não deveriam usar tomara-que-caia.

3 - Dependendo de como estão os braços, a mulher deve desistir até de usar roupas sem mangas. Porque envelhece mostrar o que não se tem mais de bom.

4 - Há os tomara-que-caia informais e os de alta costura. As brasileiras, claro, não vão usar esses vestidos caríssimos das atrizes de Hollywood. Ninguém sai em Copacabana com uma roupa que parece uma escultura.

5 - Alguns tomara-que-caia vintage são arriscados, porque têm uma forma antiquada de peito, e o decote profundo não ajuda a ficar elegante.

6 - São mais seguros os estruturados, com barbatanas entre dois tecidos, o de dentro e o de fora.

7 - O ideal é que o vestido não apareça mais do que a mulher. O tomara-que-caia não deve ser tão chamativo a ponto de ficar em primeiro plano. E não pode ser dois números abaixo do tamanho da mulher. Tomara-que-caia apertado demais não é sexy."