quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O rodeio dos imbecis


Numa época em que notícias de absurdos se tornaram a norma, essa conseguiu me surprender... Surprendeu pelo absurdo, pela grosseria, pela falta do mínimo de educação e respeito ao ser humano. E de onde veio esse péssimo exemplo??? De um núcleo universitário, de uma "elite" da população brasileira. Dizer o quê disso??? Dizer o óbvio: faltou um simples gesto de educação, de ensinar boas maneiras, de ensinar a se ter respeito pelos semelhantes. Punição virá??? Creio que não, o Brasil não vive de punições exemplares, daquelas que nos dão parâmetros. Lamentavelmente, essa notícia se tornará apenas "mais uma" nesse inesgotável arsenal de absurdos que a sociedade brasileira se especializou em criar. Pobre país o nosso que tem uma juventude como essa...

Abaixo transcrevo o texto da jornalista Ruth Aquino da Revista Época.



"Universitários que “montam” à força em colegas gordas, numa competição para ver “qual peão” fica mais tempo sobre as meninas, são o retrato cru de uma sociedade doente e sem noção. O “rodeio das gordas” aconteceu em outubro em jogos oficiais de uma universidade importante, a Unesp, em São Paulo – não em algum rincão remoto. Não envolveu capiau nem analfabeto. Foi a elite brasileira, a que chega à universidade. Estamos no século XXI e assistimos perplexos à globalização da ignorância moral.

Mais de 50 rapazes, da Universidade Estadual Paulista, organizaram o ataque às gordas num evento esportivo e cultural com 15 mil universitários. Uma comunidade no Orkut definiu as regras: “Todo peão deve permanecer oito segundos segurando a gorda”; “gordas bandidas são mais valiosas”; “o corpo da gorda tem de ser grande, bem grande”. Os estudantes se aproximavam das meninas como se fossem paquerá-las. Aproveitavam para agarrá-las e montar nelas, e as que mais lutavam contra a agressão eram apelidadas de “gordas bandidas”. Uma referência ao touro Bandido, personagem da novela América. “A cada coice tomado, o peão guerreiro ganha 1 ponto”, anunciava o site de relacionamento.

A repercussão assustou os universitários. Roberto Negrini, um dos organizadores do torneio e filho de advogada, chamou tudo de “brincadeira”, mas pediu desculpas à diretoria da Unesp e se disse arrependido. Tentou convencer a todos de que “não houve preconceito”. Sites e blogs foram invadidos por comentários indignados. Mas havia muitos homens aplaudindo “a criatividade” dos estudantes. O internauta Arnaldo César Almeida, de São Paulo, propôs transformar a competição num “esporte olímpico”. Outro, que se identificou como Alexandre, escreveu: “Me divirto vendo esses kibes (sic) humanos dando coice! Vou até instalar uma baleia mecânica para treinar”.

Quem são os pais e as mães desses rapazes? A maior responsabilidade é da família. O que fez ou onde estava quem deveria tê-los educado com valores mínimos de cortesia e respeito ao próximo? Jovens adultos que agem assim foram, de alguma maneira, ignorados por seus pais ou receberam péssimos exemplos em casa e na comunidade onde cresceram.
O “rodeio das gordas”, promovido nos jogos da Unesp, é o retrato de uma sociedade doente

Não foi uma semana edificante. Meninas adolescentes, numa escola paulista em Mogi das Cruzes, trocaram socos. A mais agredida, de 14 anos, disse: “Alguns têm dó, mas outros ficam rindo porque eu apanhei”. Em Brasília, uma estudante usou a lâmina do apontador para navalhar o rosto e o pescoço da colega. No Rio de Janeiro, uma professora foi presa por manter relações sexuais com uma aluna de 13 anos. A loura da Uniban, Geisy Arruda, posou pelada, sem o microvestido rosa-choque, mostrando que tudo acaba na busca de fama e uns trocados.

Está na hora de adultos pensarem com cautela se querem colocar um filho no mundo. Se querem cuidar de verdade dessa criança. Ouvir, conversar, beijar, brincar, educar, punir, amparar, dedicar um tempo real para acompanhar seu crescimento, suas dúvidas e inquietações. Descaso, assédio moral e físico contra crianças, brigas entre pai e mãe, separações litigiosas podem levar a tragédias como a que matou a menina Joanna. Submetida a maus-tratos e negligência, Joanna talvez tenha simplesmente desistido de continuar no inferno em que se transformara sua vida aos 5 anos de idade.

Não sou moralista. Mas a sociedade mergulhou numa disputa de baixarias. As competições escancaradas na TV aberta, sob a chancela de “entretenimento”, estimulam a humilhação pública e a indignidade humana. Comer pizza de vermes e minhocas vivas, deixar ratos e cobras passear pelo corpo de uma moça de biquíni, resistir a vômitos, como prova de determinação e bravura – isso é exatamente o quê? Expor pessoas ao ridículo, enaltecer o lixo, a escória, em canais abertos a crianças e adolescentes... não seria inaceitável numa sociedade civilizada? Diante de alguns programas televisivos, o “rodeio das gordas” pode parecer brincadeira. Mas não é."

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

I love NY...


Imagina uma cidade na qual, desde a primeira vez em que pisa, você sente aquela sensação de que está revisitando uma velha e querida amiga... Imagina uma cidade onde você desce em uma estação de metrô e encontra um músico solitário, cantando uma velha canção que você ama (stop in the name of love)... O velho senhor te convida a se juntar a ele, como se fossem velhos parceiros, você então começa a cantar e dançar, como se o tempo houvesse parado, e existisse apenas você, a canção, o velho cantor e aquele sonho de cidade... E quando finalmente você abre os olhos, está no meio de um circulo de pessoas que se formou para assistir você e o seu novo e desconhecido amigo... alguns filmam, outros tiram fotos, outros aplaudem... A música termina, você sorrí para o seu partner, deixa-lhes algumas moedas no baldinho e parte feliz da vida para explorar essa cidade, que por mais que seja mostrada, por mais que seja vista, nenhuma imagem lhe fará justiça... Nova York sempre me toca de uma maneira diferente a cada visita.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Casados Carentes



Por que eles agem como se fossem solteiros?

"Acho que toda mulher adulta conhece um deles: simpático, sedutor, carente e ... casado. Alguns são muito jovens, a maioria nem tanto. Todos têm em comum o olhar faminto, a mal disfarçada insatisfação com a vida conjugal e uma postura ambígua que pode ser resumida da seguinte maneira: eu não vou avançar o sinal, mas, se você sugerir, vou adorar.

São os casados carentes.

Entre eles, os homens são maioria, mas já conheci várias mulheres. Por alguma razão, o casamento não traz serenidade para essas pessoas. Produz angústia, inquietação, aprisionamento.

É um paradoxo. Ao casar, o sujeito deveria ficar feliz por ter encontrado alguém. Mas não. Ele sofre com a impossibilidade de ter todo o resto. Por isso os casados carentes se debatem contra os limites que inventaram para si mesmos. Por isso se insinuam para as pessoas ao redor deles, com maior ou menor sucesso. Por isso, violam, todos os dias, a única regra inviolável do casamento: não expor o seu parceiro ao ridículo.

Por que as pessoas fazem isso? Por algumas razões, eu imagino.

A primeira, óbvia, é que nem todo mundo é feliz no casamento. Nem todo mundo sabe o que está fazendo quando se casa – por ser jovem, por estar perdido, por querer deixar a casa dos pais, por estar grávida e assustada, ou por ter engravidado alguém e estar assustado. Há inúmeras razões para um mau casamento, mas quase todas desembocam no mesmo tipo de atitude: aqueles que se casam errado convivem de forma contrariada com a instituição.

Uma segunda razão, mais profunda, é que nem todos são capazes de ser feliz no casamento, por mais bacana que este seja. Essas pessoas logo descobrem que não vivem bem na companhia do outro. Percebem que a vida comum cai neles como uma roupa apertada. Ao notar isso, deveriam ser capazes de conversar e ir embora. Mas não. Eles ficam, e aí começam as indignidades.

Se existe uma regra sobre os casados carentes é que eles foram, antes, solteiros carentes.

Pessoas assim imaginam que casar resolverá a ansiedade, acabará com a angústia, trará paz. Obviamente não acontece assim. Os seres humanos levam para as suas relações aquilo de que são feitos. Assim, em pouco tempo de casado, fica evidente que a outra pessoa não vai preencher a vida de quem tem um buraco na alma. Os carentes precisam de uma multidão.

Se a gente não os leva a sérios, percebe que são bobos, hesitantes, coquetes no caso das mulheres. Se você resolve envolver-se com eles, descobre que embarcou num turbilhão. Já tive as duas experiências abundantemente: ser o carente e gostar do carente. Nenhuma delas é boa. As duas são vexatórias. Ainda não inventaram nada que substitua um ser humano que sabe o que deseja e escolheu você. Os carentes, casados ou não, vivem em dúvida. Escolhem todo mundo e vivem apenas para eles mesmos."

Ivan Martins


Mais uma vez o Ivan Martins arrasou!!! Conheço muito homens-casados-carentes-sedutores e algumas mulheres-casadas-carentes-coquetes... Só nunca tinha chegado à essa idéia que ele nos coloca tão bem nesse texto: essa turma é mal resolvida desde sempre. Eram solteiros carentes que pegaram o primeiro "papelzinho que passou na ventania"... e agora vivem por aí ciscando, mas jamais abrem mão da zona de conforto.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Dever de Sonhar



Eu tenho uma espécie de dever, dever de sonhar, de sonhar sempre,
pois sendo mais do que um espetáculo de mim mesmo,
eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso.
E, assim, me construo a ouro e sedas, em salas
supostas, invento palco, cenário para viver o meu sonho
entre luzes brandas e músicas invisíveis.

Fernando Pessoa

(Dubrovnik)

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."

Fernando Pessoa

De que são feitos os dias dos poetas?


"De que são feitos os dias dos poetas?
De poesias, de alegria, de amor, de tudo o que for!
São feitos com o sorriso das crianças.
Com pequenas e doces lembranças,
Com o desabafo das dores,
Com a união de novos amores,
Com os infinitos desejos,
Com o desabrochar das flores,
E com o interesse de cada um dos leitores."

P.G.K.S.

Estava buscando na net um poema sobre "poetas" e encontrei esse poeminha muito fofo, em uma puplicação escolar. Ele foi escrito por menino de 13 anos, que bem poderia ser meu filho. E pasmem, essa minha afirmação não é só porque eu tenho uma filha na mesma idade que o pequeno poeta, ao ler o nome do autor e sua filiação quase caí pra trás ao descobrir que namorei o pai dele... Que mundo pequeno!!!

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Morrendo de amor


Uma colega de trabalho está morrendo de amor. E o mais incrível é que ela se orgulha disso. Mostra a todos como está "secando" por amor, que as saias estão caindo, como os seus olhos estão fundos pela insônia, apesar dos dois comprimidos de rivotril que ingere todas as noites...

O namorado terminou com ela a cerca de um mês, e assim como tornava público todos os passos do namoro, através de um site de relacionamento, também tornou público o rompimento.

Ela morre, orgulhosamente, de amor... Acredito que morram de amor somente aqueles que não tinham vida antes de um relacionamento. Pois os bons amores nos preparam para a vida, e não para a morte.

Essa colega de trabalho não está passando pelo luto de uma mulher que perdeu o seu homem, mas pelo desespero de uma criança órfã.

A vida não é um bem tranferível, nem gociável, portanto, não pode ser delegada a terceiros. Aqueles que precisam dos outros para viver correm o risco de morrer no abandono.

Alguns dos meus amores me custaram noites mal dormidas, muitas lágrimas e soluços, e algumas vezes um pedaço do meu coração... mas nunca a minha vida.

Com tudo isso, amadurecí e dicidí que os homens que passassem pela minha vida dalí por diante seriam a cerejinha do meu sorvete, e nunca o sorvete. Até hoje repito isso como um mantra sagrado.

A cereja pode até tornar o sorvete mais bonito, porém, nunca será mais importante do que ele...

Essa colega precisa entender que a gente só ama realmente quando vive uma existência real, que se sustenta nos próprios pés... Uma vida deve ser melhorada pelo amor e não sustentada por ele.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Arrumando o armário



Lars Lindstrom é um jovem tímido que mora isolado do mundo, na garagem da casa de seu irmão mais velho e de sua cunhada. Tem 27 anos, mas não gosta de sair, nem mesmo para tomar café com a família, apesar dos esforços quase acrobáticos de sua cunhada. Só sai para ir ao trabalho e à igreja. Mas um dia ele aparece na casa do irmão e avisa que vai trazer Bianca, sua namorada, uma linda missionária religiosa, meio dinamarquesa, meio brasileira, que não fala inglês. Bianca não caminha e precisa de uma cadeira de rodas, já que a sua foi roubada. Lars pergunta ainda se ela pode se hospedar na casa deles porque, como ambos são religiosos e solteiros, não acham correto ficar sob o mesmo teto. O irmão e a cunhada, que se preocupam com a solidão de Lars, ficam exultantes. Muito animados, arrumam o quarto de hóspedes e preparam o jantar. Em seguida, Lars aparece com a namorada. Então eles descobrem que Bianca na verdade é uma boneca inflável, daquelas de silicone em tamanho natural utilizadas para objetivos sexuais... Porém, Lars fantasia em sua cabeça que ela é real.

Este é o enredo de um filme que pega a alma da gente pelo pescoço e bota ela no colo para um diálogo de delicadezas.

A grande história do filme é como a família, a médica e a comunidade da cidadezinha lidam com a suposta maluquice de Lars naquele inverno. Depois do jantar de apresentação, a cunhada sugere que Bianca possa estar estressada com tudo o que viveu nos últimos tempos. Deveriam levá-la a uma médica conhecida, que também é psicóloga, para um check-up. Depois de examinar Bianca com o estetoscópio e auscultar a situação com os olhos e os ouvidos, esta médica diz que não lhe parece que Lars tenha uma doença mental que o leve a uma internação. Do jeito dele, Lars leva a sua vida, trabalha e não machuca ninguém. Para ela, Bianca chegou por algum bom motivo. Lars criou Bianca para ajudá-lo a resolver um conflito. Quando o conflito for solucionado, Bianca poderá partir.

Neste caso, diz ela, o melhor a fazer é acolher Bianca. "Mas ela é uma fantasia", diz o irmão. "Não", diz a médica, "ela é real". Está bem ali, na sala de espera do consultório. Para Lars ela é real – e este é o título traduzido do inglês ("Lars e a garota real"). "Mas vão rir dele", retruca o irmão. A médica dá uma olhadinha e afirma: "E de vocês também". Na manhã seguinte , o irmão não se contém e diz para Lars que Bianca "é só uma coisa de plástico". Lars dá um sorrisinho, cochicha com Bianca e explica: "Bianca diz que Deus a criou assim para poder ajudar os outros".

Interessante é que a médica convence a todos na cidade a lidar com Bianca como se fosse uma pessoa de verdade.

A partir deste momento, o filme conta como a cidade acolheu a Bianca de Lars. Ou melhor, como acolheu Lars. É graças a esse namoro, que Lars consegue se aproximar de ter uma virda normal, em contato com as outras pessoas. Ele começa a jantar coma família. Frequentar festas e até mesmo interagir com as pessoas do escritório. Bianca traz um novo mundo de convivência para Lars, fazendo com que ele descubra as pessoas que realmente gostam dele.

Embora a realidade dele parecesse bizarra para todos – e para cada um à sua maneira – não o julgaram. Apenas o acolheram. Esvaziaram-se de seus preconceitos para alcançá-lo, ainda que não pudessem entendê-lo. Não podiam entendê-lo nem ver o que ele via, mas podiam amá-lo. Em vez de destruí-lo porque não podiam entendê-lo, como acontece habitualmente, o amaram mais.

Se um Lars aparecesse perto de nós – e a verdade é que volta e meia aparece algum –, o mais provável seria enquadrá-lo no escaninho de alguma doença mental e dopá-lo.

Antes da luta antimanicomial, os hospícios estavam cheios de gente parecida com Lars. Malucos, lunáticos, delirantes, loucos, fora da casinha... Gente que, mesmo não tendo nenhum traço de violência, nos perturba porque ouve vozes que não ouvimos, considera real o que para nós é fantasia, desafia nossa suposta normalidade. Gente que, com a sua diferença, nos perturba tanto que só conseguimos dar uma resposta violenta: a rejeição.

E aí eu me pergunto: quanto de nós que nos auto classificamos de "normais", rejeitando aqueles que julgamos anormais, não temos as nossa bonecas infláveis???

É uma pena que precisemos tanto de julgamentos sobre o que é um comportamento normal ou não, e esquecemos de olhar para a nossa própria vida, com a honestidade necessária, para perceber que cada um de nós acredita em coisas muito estranhas e
bizarras... Talvez as nossas bonecas possuam formatos diversos, porém, não menos bizarros: namorados infláveis, empregos infláveis...

É triste viver num mundo onde diante de qualquer diferença, mesmo que de opinião, seja preciso cair matando. Que gente tão insegura e pobre de espírito nos tornamos para temermos tanto aqueles diferentes de nós???

Sempre que vejo alguém desqualificando um outro por suas ideias, suas preferências e suas crenças, fico pensando: será que esta pessoa tem uma vida tão sensacional que todas as outras precisam ser esculhambadas??? Desconfio que seja exatamente o contrário.

Acho que, em alguma medida, todos nós temos bonecas infláveis que nos ajudam na tarefa complicada que é viver. Especialmente quando essa tarefa fica muito difícil.

Seria tão bom se conseguíssemos amar melhor o próximo... pois não há nada mais fora da casinha do que sacar a metralhadora de certezas e disparar por aí quando temos os nossos armários repletos de pequenas bonecas infláveis e outras bujingangas emocionais que nos são essenciais.

Amizade faz bem à saúde...


Pense duas vezes antes de recusar um programa com os amigos porque não quer perder a academia. Para a longevidade, o impacto de ter uma vida social ativa é tão importante quanto o de não fumar, e maior do que o de fazer exercícios e manter um peso saudável, aponta uma pesquisa divulgada nesta semana. Penso que o ideal é ir à academia e fazer amigos também lá...

Segundo uma reportagem publicada na revista Time, pesquisadores da Universidade Brigham Young e da Universidade da Carolina do Norte reuniram dados de 148 estudos sobre saúde e relacionamentos para chegar à conclusão de que as pessoas com menos laços sociais tiveram uma chance de morte 50% maior no período de sete anos e meio em que foram acompanhadas pelos cientistas.

Ainda não se sabe ao certo como amigos influenciam a longevidade. Mas os pesquisadores conjecturam algumas hipóteses: estar entre gente querida, ou sentir-se solitário, pode afetar a pressão sanguínea e o ritmo cardíaco.

Neste fim de semana, que tal reunir os amigos??? Eu vou reunir os meus no sábado a noite para saborear uma receita que aprendi na Itália... rir muito e jogar bastante conversa fora... Amo muito tudo isso!!!

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Reencarnar é bom...


Eu mesma já reencarnei várias vezes na mesma vida...

"Está na moda falar em reencarnação. Vira e mexe, vejo alguém se referindo às suas “vidas passadas” como se fosse o tempo do colégio – e sempre me surpreende a naturalidade com que as pessoas relatam experiências impossíveis. Elas realmente acreditam ter sido príncipes assírios ou feiticeiras gaulesas antes de serem o que são? Eu teria dificuldade.

Dito isso, também tenho a sensação de ter reencarnado – mas nesta única vida, e já um monte de vezes.

É fácil perceber, por exemplo, que a minha primeira encarnação terminou por volta dos 35 anos, quando eu, simultaneamente, voltei do exterior, me separei e comecei, pela primeira vez na vida, a morar sozinho.

Aquele sujeito não era, nem remotamente, o mesmo rapaz que se casara ao final da faculdade. Entre um e outro se interpunha uma quantidade imensa de experiências boas e más. Algumas delas profundamente transformadoras, como a paternidade. Os fatos e o tempo fizeram com que eu não mais me reconhecesse no que costumava ser. Tinha reencarnado.

Essa metáfora parece exagerada? Talvez seja, mas ela me ocorre seguidamente.

Olho para trás e percebo períodos existenciais muito bem delimitados. Eles são definidos por eventos emocionais que encerram um ciclo e dão início a outro. A percepção dessas fronteiras, claro, nunca é instantânea. O tempo passa, os acontecimentos se sucedem e você, um dia, nota que não é mais a mesma pessoa – seus sentimentos mudaram, suas ideias mudaram, seu mundo mudou. Você reencarnou.

Seria por acidente que esses momentos notáveis estão ligados a enlaces e rupturas afetivas? Duvido. O fim de um casamento, o início de uma grande e duradoura paixão, o começo de uma vida nova com outra pessoa... Esses são os eventos que marcam, para mim, a transformação interior.

O amor e seus derivados – as grandes paixões e as relações suaves, mas duradouras – deixam, ao terminar, um gosto de morte. Não é por outro motivo que se fala em luto amoroso. É esse ponto final, essa morte simbólica, que dita os limites das reencarnações existenciais. A gente desce fundo na mistura com o outro, sofre como diabo quando a fusão termina e percebe, lá na frente, tempos depois, que, no processo, deixou de ser a pessoa que era – e está pronto para começar de novo

O homem de cinco anos atrás não seria capaz de se apaixonar pela pessoa de hoje – e, aos olhos do homem de hoje, o amor de 10 anos atrás parece incompreensível. Esse é um sinal: quando você já não entende o amor antigo, quando se pergunta, genuinamente, “como eu fui gostar dessa pessoa?”, já reencarnou.

Talvez para outros as marcas sejam diferentes.

Alguns talvez se mirem na experiência do trabalho para medir a própria evolução. Outros terão as etapas escolares como referência. As tribos urbanas ou políticas a que uma pessoa pertenceu, as relações dentro da família, os amigos de cada época - todos esses são marcadores de mudança importantes.

Mas as grandes relações amorosas, pela sua intensidade e singularidade, e pelos sinais indeléveis que deixam em cada um de nós, são, para mim, uma espécie de carbono 14 existencial – é com base nelas que eu volto no tempo e percebo como estava de verdade e às quantas andava a minha cabeça. Quem eu era, enfim.

Talvez a ideia de mudar constantemente incomode algumas pessoas, mas a mim dá um enorme conforto. Às vezes tenho um pesadelo no qual estou no mesmo emprego, na mesma casa e na mesma relação de 20 anos atrás – e acordo apavorado.

Ao mesmo tempo, rejubilo ao perceber quantas coisas novas e quantas caras novas entraram na minha vida nos últimos anos. Cada reencarnação em vida, cada início, permite agregar mais gente, descobrir novos interesses, reciclar convicções.

Pelas minhas contas, estou na terceira reencarnação. Na mesma vida. Nunca tive a chance de ser um guerreiro persa, nem um dos primeiros discípulos de Sidarta Gautama (o Buda) ou, quem sabe, o amante da mais bonita duquesa de York. Mesmo assim, não é o caso de reclamar.

Outro dia, estava almoçando com uma amiga - que me deu, aliás, a ideia para uma coluna sobre rejeição - e me veio um contentamento imenso, simplesmente por estar ali, por perceber que aquela pessoa, que não parava de falar, era capaz de dividir suas inquietações comigo, e que isso me convidava a falar das minhas próprias inquietações.

A presença de novas pessoas, com aquilo que elas trazem de inédito e inesperado à nossa vida, é um marca profunda de renovação. E a gente nem precisa morrer para obter isso. Não deve, aliás. Dizem que a chance de se conhecer uma cara nova depois de morto é mínima. Melhor reencarnar 20 vezes nesta vida."

Ivan Martins

segunda-feira, 26 de julho de 2010

A paz perfeita


Havia um rei que ofereceu um grande prêmio ao artista que fosse capaz de captar numa pintura a paz perfeita.
Foram muitos os artistas que tentaram.
O rei observou e admirou todas as pinturas, mas houve apenas duas de que ele realmente gostou,
e teve que escolher entre ambas.
A primeira era um lago muito tranqüilo.
Este lago era um espelho perfeito onde se refletiam umas plácidas montanhas que o rodeavam.
Sobre elas encontrava-se um céu muito azul com tênue nuvens brancas.
Todos os que olharam para esta pintura pensaram que ela refletia a paz perfeita.
A segunda pintura também tinha montanhas.
Mas estas eram escabrosas e estavam despidas de vegetação.
Sobre elas havia um céu tempestuoso do qual se precipitava um forte aguaceiro com faíscas e trovões.
Montanha abaixo parecia retumbar uma espumosa torrente de água.
Tudo isto se revelava nada pacífico.
Mas, quando o rei observou mais atentamente, reparou que atrás da cascata havia um arbusto crescendo,
de uma fenda na rocha.
Neste arbusto encontrava-se um ninho.
Ali, no meio do ruído da violenta camada de água, estava um passarinho placidamente sentado no seu ninho.
Paz perfeita.
Qual foi a pintura ganhadora?
O rei escolheu a segunda. Sabe por quê?
"Porque", explicou o rei: "paz não significa estar num lugar sem ruídos, sem problemas,
sem trabalho árduo ou sem dor."
"Paz significa que, apesar de se estar no meio de tudo isso, permanecemos calmos no nosso coração."
"Este é o verdadeiro significado da paz"

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Minhas gavetas


Outro dia lí que a palavra privacidade originou-se da palavra inglesa privacy, e que foi aportuguesada em algum momento dos anos 70. O texto recomendava que em vez de privacidade se use a palavra intimidade, que é do português, e quer dizer a mesma coisa.

Eu discordo. Para mim, as duas palavras têm significados diferentes. Intimidade diz respeito à minha relação com os outros, privacidade diz respeito apenas a mim. Eu digo "nossa intimidade" e digo "minha privacidade".

Intimidade é algo que eu partilho, privacidade é alguma coisa que eu protejo.

Algo que eu sempre me pergunto é porque as pessoas se acham no direito de invadir a privacidade dos outros em nome da intimidade que elas compartilham.

Porque as pessoas vivem ainda na dimensao de achar que podem "invadir os espaços" alheios??? O que leva alguém a opinar sobre aquilo não lhe pertence???

Acho que as pessoas invadem por que se sentem de alguma forma donas dos outros.

Já viví situações em amizades que, por existir intimidade e troca de confidências, a pessoa se achou no direito de opinar sobre diversos assuntos que não lhe diziam respeito e nos quais não era chamada a opinar.

Muitas vezes me questionei se não fui eu quem deu essa abertura através da intimidade. Mas depois de muito me questionar, cheguei à conclusão que não. Pois eu posso ser íntima de alguém, porém, preservando aquilo que me é privado.

Imagine a seguinte situação: você hospitalizada, pálida, acabou de sair de uma cirurgia e recebe uma visita. Ainda que o visitante seja pessoa da sua intimidade, se este não foi requisitado a participar daquele seu momento, invadiu a sua privacidade.

Eu procuro tomar muito cuidado com essas questões. Procuro ouvir as pessoas, e opinar somente quando sou convidada a fazê-lo. E ainda assim, com muita parcimônia.

Por mais que eu possua intimidade com alguém, existem alguns assuntos nos quais eu procuro me abster de opinar... educação de filhos, possível traição do namorado/marido, ter o não ter filhos, gerenciamento de finanças, gerenciamento da casa...

Nunca digo para uma amiga, por exemplo, que o seu namoro é uma furada, que o cara é galinha ou que não quer compromisso sério... ainda que ela venha reclamar do sujeito comigo. É mais que de foro íntimo. É privado.

No museu Salvador Dali, em Paris, existe uma releitura da Vênus de Milo, com o corpo com gavetas, isso mesmo gavetas!!! Não sou lá muito fã do surrealismo, nem das obras de Salvador Dali... Mas, esquisitices a parte, achei fantastica a ideia do Dali!!!

É exatamente a ideia que eu tenho de intimidade... Algumas das minhas gavetas estão escancaradas, isso é, quero dividir o conteúdo delas com muitas pessoas.

Outras estão semi-abertas e eu posso dividi-las com quem eu quiser, se eu quizer.

Algumas gavetas estão fechadas para os outros, não quero dividir com ninquém. Nessas existem coisas que são só minhas e que eu não quero dividir.

Porém, o mais importante é que eu decido as gavetas que eu quero abrir, e as que eu não quero. Portanto, não abram minhas gavetas!!! É uma agressão sem sentido.

Penso que cada um de nós é dono das suas próprias " gavetas" e que é nescessário preservar espaços próprios de nossa existência.

As pessoas que nada têm nada a esconder não devem ter nada que realmente interesse. Vocês não acham???

quinta-feira, 22 de julho de 2010


"Incertos são nossos amores, e por isso é tão importante sentir-se bem mesmo estando só.
Martha Medeiros

Talvez algum dia...


"Pra vocês o que é a nostalgia?
É a dor que só sente o exilado?
É quando quem da pátria afastado
vê chegar uma grande melancolia?

Caríssimos,
Nostalgia é...
Ressurgir dentro d´alma uma idade passada, uma saudade linda, e sentir no coração, que apesar do tempo, há festa ainda..."

Sou uma pessoa que padece de uma retrofilia crônica, desde que me entendo por gente... Padeço de nostalgia, uma saudade imensa de tempos vividos e, principalmente, daqueles não vividos, e por mim idealizados.

Sinto saudade de um tempo que não viví. Saudade dos Beatles, sendo que quando eu nasci a banda já estava desfeita... Saudade das festas da era Disco, anos 70... eu era apenas uma criança...

Hoje eu estava conversando com a minha filha sobre a viagem de navio que fizemos no mês de maio, e ela me disse: "mãe, quanta saudade... Saudade das amizades que fiz... minhas amiguinhas tão especiais que eu nunca mais verei..."

Sentí o nó na garganta diante da afirmação da minha filha, mas não pude discordar... Foram amizades realmente especiais... meninas e meninos de países diferentes, culturas e idiomas diferentes, que se conheceram em um lugar mágico - a bordo de um navio, durante um passeio de sonhos... Ilhas Gregas... Foram 7 dias de festas, baladas, curtição, paqueras...

Respondí que provavelmente eles nunca mais se encontrarão... Mas são pessoas que ela levará para sempre dentro do coração e sempre que quiser poderá revisitá-las em pensamento... desejando coisas boas para cada uma delas.

Minha filha foi apresentada a esse sentimento que sempre foi tão meu - a nostalgia; essa dor que surge a partir da sensação de não poder mais reviver certos momentos da vida.

Depois dessa conversa, que foi pela manhã, fiquei ainda mais nostálgica do quê de costume... sentí uma saudade imensa da viagem que fizemos, dos lugares, dos cheiros, dos sons... Meu coração quase transbordou de saudade...

No final do dia, sei lá porquê, lembrei de alguns filmes que costumava assistir na sessão da tarde, quando era adolescente... Foi aí que abrí aquela minha gavetinha com cheiro de naftalina e tirei um filme que talvez vocês tenham assistido... ele conta a história de uma adolescente de 13 anos, Jessie Walters (Denise Miller) que se apaixona pelo músico Michael Skye (Rex Smith) e, para que sua paixão fosse correspondida, finge ser mais velha e mente sobre sua religião... Mas, como era de se esperar, ela se enrola em suas mentiras...

"Talvez algum dia", é o nome desse filme super fofo...

Pois é, mostrei para minha filha o trailer dele no You Tube, e confidenciei-lhe que o carinha do filme era o Zac Efron da minha época... rs... Alguém mais lembra desse filme???

quarta-feira, 21 de julho de 2010

E por falar em vingança...



Minha nossa!!! As pessoas andam tão vingativas...

Lí que um americano arrumou uma maneira divertida de se vingar da mulher que o abandonou depois de 12 anos de união: mostrar 101 maneiras inusitadas de usar um vestido de casamento.

No dia em que sua ex-mulher fez a malas e saiu de casa, Kevin Cotter percebeu que o vestido de casamento tinha ficado para trás. Ao questionar a ex-companheira, ele recebeu a sonora e mal educada resposta: "faça o que você quiser!". E foi o que Kevin fez.

Cotter transformou os metros de tecido em tapete para aula de ginástica, pano de prato, pano para engraxar sapatos e até cobertor para proteger o chão de respingos de pintura.

Na internet, o americano de Tucson, no estado do Arizona, mantém um blog (My ex-wife´s wedding dress) onde mostra - com muito orgulho - o que está fazendo com o vestido de casamento da ex-mulher.

Procurada por um programa de TV, a vítima da brincadeira afirmou que não guarda mágoas do ex-marido e que espera que Kevin Cotter seja feliz.

Mas parece que ainda vai demorar um pouco para que isso aconteça, pois ao ser questionado sobre o assunto responde:

"Brincar com o vestido têm sido uma grande distração"

Parece que ele não percebeu ainda que, enquanto estiver focado em sua vingança estará, por tabela, focado em sua ex, deixando assim de mirar naquilo que realmente vale a pena: ser feliz...

sábado, 17 de julho de 2010

Quente ou frio???


A vingança é um prato que é servido frio... Ou o melhor seria dizer que: a vingança é um prato que não deve ser servido, frio ou quente, pois pode tornar-se amargo no final...???

Entretanto, nem sempre agimos de forma altaneira. E, quando nos vemos vilipendiados, injustiçados, engrupidos, passados para trás, enganados ou qualquer outra cousa mais, temos que dar o troco, nos vingar, mostrar que não somos bobos, ensinar uma lição, fazer ver com quantos paus se faz uma canoa...Mas será que vale a pena???

Acho que todo mundo ficou sabendo do caso de traição ocorrido na cidade de Sorocaba, no interior de São Paulo, que foi parar no YouTube, nos sites de notícias, e até no Fantástico, na semana passada... Uma mulher descobriu que o marido tinha um caso com a melhor amiga dela há 5 anos e se vingou, mais da amiga do que do marido, diga-se de passagem...

Na noite de 27 de junho, a advogada Vivian Almeida de Oliveira, de 34 anos, colocou na internet, em sua página da rede de relacionamento Orkut, a prova de que seu marido, o comerciante Cícero Oliveira, de 54 anos, a traíra. As imagens escolhidas por Vivian não eram de um flagrante de adultério... Por dez minutos e 18 segundos, ela aparece num vídeo caseiro falando com sua melhor amiga, a comerciante Juliana Cordeiro, de 33 anos.

A conversa se desenrola na casa de Vivian.

Vivian vai mostrando à amiga as peças de um dossiê montado por ela mesma ao longo de dois meses. São cópias de e-mails trocados entre Cícero e Juliana que confirmam que os dois mantinham um caso havia cinco anos. O vídeo mostra o momento em que a esposa traída confronta a amiga com as evidências de sua impostura, e exige explicações.

Aos poucos, Vivian vai perdendo o controle, até que passa a estapear, empurrar e, finalmente, chutar Juliana caída, enquanto a cobre de insultos. Tudo isso diante da câmera ligada... E oculta.

Uma semana depois do encontro, na noite da quinta-feira 8/07, as imagens constrangedoras já haviam sido vistas por pelo menos 1 milhão de pessoas na internet... e o que era um drama familiar se torna uma novela de domínio público.

Neste caso, a vida privada, virou literalmente uma "privada". Não sei o que passou na cabeça dessa mulher para filmar a própria desgraça e jogar no ventilador... Nem o tal Bruno, ex goleiro do flamengo, que não é advogado, sabe que não se deve produzir provas contra si mesmo...

Essa senhora, ficou tão cega em seu desejo de vingança que, ao gravar e ainda pior, expor para o mundo todo, a traição do marido e da amiga, acabou por atirar no próprio pé. Ela poderá responder vários processos: difamação, exposição da imagem sem autorização, lesão corporal, quebra de sigilo de correspondência eletrônica sem autorização...

Me admira muito ela ser advogada e não ter previsto tudo isto!!! Queria dar uma lição na amiga, poderia ter feito tudo como foi feito, exceto gravar...

Sei não... Mas eu continuo achando, que se existe vingança boa, a melhor é ser feliz!!!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Relações patológicas



Vou trancrever aqui mais uma vez, ipsis litteris, um texto escrito pelo colunista Ivan Martins. Esse texto foi escrito à época do julgamento do casal Nardoni. Sempre me encanta a percepão desse jornalista no que concerne às relações humanas.

"Às vezes as pessoas se ligam por meio de sentimentos ruins.


Todo mundo conhece um casal maluco. São aquelas pessoas que vivem às turras, fazem cenas em público, separam-se a cada par de meses, falam mal um do outro para todo mundo e, inexoravelmente, voltam. Para começar tudo de novo.

Esse tipo de relação doentia é comum. Acredito que a maioria de nós, adultos, já teve algum tipo de experiência com ela. Quem tem sorte sai em pouco tempo. Os azarados ficam no purgatório por anos, com consequências terríveis.

Na madrugada de sexta-feira para sábado, ouvindo a sentença do juiz para o casal Nardoni, tive a súbita percepção de que os condenados, Alexandre e Ana Carolina, viviam esse tipo de relação infernal.

Havia brigas, havia ciúme, havia violência física, tensão e exasperação. Tive a impressão, pelos depoimentos, que existia entre os dois um jogo permanente de exigências, ameaças, chantagens e rendições.

O que quer que tenha acontecido na noite da morte de Isabela foi uma conseqüência da interação atormentada (e, afinal, malévola) entre seu pai e sua madrasta.

Essa constatação não atenua e nem agrava o crime pelo qual os Nardoni foram condenados. Apenas lhe dá uma moldura: a das relações conjugais recheadas de maus sentimentos e alimentadas pelo pior em cada uma das partes.

Mas por que homens e mulheres vivem nessas masmorras afetivas? Eu não sei. Mas sei que a dinâmica dos casais envolve sentimentos complexos, contraditórios e muitas vezes obscuros para os próprios envolvidos.

Além das coisas boas das quais gostamos de falar, (como ternura, desejo e admiração), há nos relacionamentos boa dose de ingredientes inconfessáveis.

Há raiva, dependência e medo. Há dominação e controle. Há perversidade também. As pessoas convivem com essas coisas como convivem com as coisas boas. E vão tocando.

Nas relações patológicas, os sentimentos ruins fornecem a base da ligação do casal. Isso não quer dizer que as pessoas metidas nesse tipo de parceria vão cometer crimes, mas é provável que elas façam muito mal a si mesmas e aos que estão em volta.

Lembro de um conhecido casado com uma mulher terrível: dominadora, encrenqueira, possessiva, capaz de enorme hostilidade. Ela parecia não admitir que o rapaz tivesse relações fora do controle dela. Aos pouco, foi brigando com todos os amigos e com toda a família dele, até isolá-lo dentro do núcleo formado pela família e pelos amigos dela, complemente submissos à sua vontade. Assim, ficaram numa redoma apenas o casal, a filha e a loucura deles. Por vários anos.

Há uma lógica interna nesse tipo de relação que nada tem a ver com a realidade, mas que justifica quase tudo. É nessa zona cinzenta, de compreensão impossível para quem está de fora, que se constrói a cumplicidade apodrecida desses casais malucos.

Mas relações desse tipo, claro, não são estáveis.

Se alguém precisa controlar é por que está morrendo de medo e de insegurança. Se alguém se deixa manipular é por que precisa desesperadamente de atenção. Mas quem se curva o faz com raiva e com ressentimento, que vira e mexe explodem. E quem controla está exasperado com o medo de perder seu poder sobre o outro.

Medo e raiva tornam-se nessas relações sadomasoquistas um cimento tão eficaz como desejo e ternura em uma relação saudável: as pessoas se vinculam e tornam-se ligadas através desses sentimentos. Rebelam-se e retornam a eles.

De qualquer forma, a tensão é imensa e as pessoas se habituam a ela. Passa a ser o ambiente da casa. Quando há filhos, as crianças vivem e respiram nesse clima e, frequentemente, são alvejadas pela loucura dos pais.

Minha tese sobre esse assunto é que as pessoas envolvidas nesse tipo de relação não são necessariamente malucas, mas a interação entre elas é doentia.

A mulher possessiva pode ter um namoro normal com um sujeito que, de alguma forma, a faça tranqüila. Pode ser pelo sexo, pode ser pela dedicação, pode ser por demonstrações práticas de amor.

O mesmo homem submisso pode, em outro contexto, ter uma relação altiva e prazerosa, que desperte nele o prazer da autonomia e da independência.

Em geral é isso que acontece: as pessoas passam por relações neuróticas, aprendem algo sobre si mesmas e dão no pé, em busca de coisa melhor.

Nem todas, porém, agem assim. Por algum motivo, alguns permanecem trancados no inferno das relações disfuncionais. A esses pode acontecer de tudo, inclusive violência e crime. Só não há o risco da felicidade."

(Ivan Martins - Revista Época)

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Convivendo com o ex



Um dos efeitos colaterais da nossa liberdade de escolha afetiva é a multiplicação dos ex em nossas vidas. Todo mundo tem um ex ou uma ex.

No passado, quando as pessoas namorava uma única pessoa antes do casamento e permaeciam casadas pela vida inteira, essa figura controversa não existia. Havia ex-presidiário, ex-banqueiro e ex-garota de programa... Mas ex-marido ou ex-mulher, isso era coisa rara.

Hoje em dia, conheço um monte de gente que está no segundo ou terceiro casamento. E a cada um deles corresponde o espectro de um ex...

Alguns são fantasmas bonzinhos, desses que moram quietinhos na memória e, de vez em quando, nos acenam do fundo de um bar. São benignos.

Outros vêem carregados de lembranças dolorosas. Só de avistá-los a pessoa se deprime.

E há o terceiro tipo, verdadeiro morto-vivo, que é o ex que acha que não acabou – e fica ali em volta, ciscando, ligando, mandando mensagens. Encontrá-lo é sempre uma emoção desagradável.

Eu acho isso tudo difícil de lidar, mas não vejo escapatória. Numa sociedade em que as pessoas namoram, se casam, e se relacionam, muitas vezes, é inevitável que andemos por aí esbarrando nos ex.

Claro, essas questões se colocam de forma aguda para quem acabou de se separar. Ou para quem ainda sofre com o ex. Ou para quem carrega divergências inconciliáveis com estes...

Nas separações normais, vivenciadas por pessoas normais, passado o tempo regulamentar e superados sentimentos vis, o ex-casal pode conviver perfeitamente. À distância... Podem encontrar-se socialmente, de quando em quando, e trocar palavras amenas. Nessas ocasiões, é que, nós mulheres, avaliamos discretamente a barriga, os cabelos embranquecidos e a papada dele, e concluímos que tudo piorou... Seres humanos são assim...

Novos cônjuges ou namorados também são objeto de inspeção criteriosa, física e existencial. A rede comum de amigos é empregada para desenterrar detalhes íntimos sobre o sucessor ou sucessora. Se for gente normal, deixa de ser assunto em poucas semanas. E a vida continua.

Eu prefiro pensar que há grandeza nisso. Acreditar na evolução. Uma sociedade em que as pessoas trocam, são trocadas e conseguem tocar a vida sem melodramas é, no mínimo, uma sociedade melhor.

Os conservadores, na sua abissal insegurança, tentam criar um mundo cercado de restrições, que os proteja da dor de serem trocados... e, até mesmo, da eventual dor de trocar...

Mas, na geografia em que vivemos, esse mundo não mais existe. Ele só pode ser recriado, no espaço da vida de um casal, através do controle e da servidão doentia. Ainda assim será precário e triste. Ao final, ilusório.

No mundo real, a fila anda, como disse uma vez o Fábio Júnior, depois da décima separação. Tenho a impressão, aliás, de que a nossa vida começa a se parecer com a vida dos artistas...

E há, ainda, a divulgação pública de tudo que nos acontece, pelas redes sociais. Mesmo o anônimo mais sem graça tem uma audiência, no Orkut ou no Facebook, com quem dividir seu último sucesso ou insucesso amoroso. Todos nós temos plateia e suspeito que, mesmo inconscientemente, atuamos para ela. Nós e nossos ex nos tornamos parte de uma novela que está o ar 24 horas por dia na internet.

Como eu já disse, não vejo muito remédio contra isso. Quem se relacionar no mundo moderno vai esbarrar nessa promiscuidade, ainda que não se engaje nela diretamente. Se o seu ex está na rede, um pedaço seu está lá.

Um jeito de evitar o pior talvez seja relacionar-se fora do meio profissional ou do grupo de amigos. Se algum dia a relação acabar, você não terá de ver sua ex-pessoa toda hora, nem ouvir a fofocas sobre o que ela faz ou deixa de fazer.

Porém, a dica mais útil, e infinitamente mais séria, é examinar com cuidado o caráter da mulher ou do homem a quem você vai se relacionar, especialmente se quiser ter filhos. Não há nada pior do que achar-se ligado pelo resto da vida a uma pessoa escrota.

Sabe, mesmo aquilo que é difícil torna-se é mais fácil quando se está tratando com gente de bem.

Em relação à figura do ex ou da ex, a grande advertência é que eles não vão desaparecer porque nos cansamos deles. As pessoas com quem a gente se relacionou de forma duradoura fazem de alguma forma parte da nossa vida. Ficam lá em algum formato de arquivo.

Se você tem um ex que está sempre ao redor, aceite isso. E cuide para que o seu novo parceiro ou parceira também aceite. Num mundo como o nosso, em que nada é permanente, a capacidade de lidar com o passado deve ser parte do teste de admissão.

Quem não sabe lidar com os seus próprios ex ou tem problemas com os ex dos outros não merece a vaga. Não está a altura da titularidade.

sábado, 5 de junho de 2010

Grécia - Um Paraíso Chamado Corfú




Corfu ou Córcira, é a mais bela das ilhas gregas que visitei. Não foi sem motivo que, segundo a mitologia grega, Poseidon, deus do mar, se apaixonou perdidadente pela bela ninfa Corfú, ou Córcira, como é chamada em latim.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A outra metade


Acho que foi um professor de cursinho quem contou em classe o mito dos andróginos. Parte homem e parte mulher, esses seres eram tão completos e tão felizes que despertaram a inveja de Zeus. Irado, o patriarca do Olimpo disparou raios que separaram em duas cada uma das criaturas perfeitas. Desde então, elas vagam pelo mundo em busca de sua metade. São solitárias e incompletas. Somos nós.

Não sei o que os gregos queriam dizer ao criar essa lenda, mas a maneira como nós a interpretamos, modernamente, é muito clara: existe alguém lá fora que nasceu para nós. Enquanto não acharmos essa metade (o amor verdadeiro) jamais seremos felizes.

Muitos de nós acreditamos nisso o tempo todo. Outros acreditam apenas de vez em quando. Raro é encontrar alguém totalmente imune a essa espécie de esperança (ou seria armadilha?) romântica.

Mas eu às vezes me pergunto se essa é uma ideia construtiva. É saudável imaginar que a nossa felicidade não depende de nós, mas, sim, de outra pessoa qualquer? Mesmo sem tomar o mito dos andróginos ao pé da letra, milhões de pessoas adiam o futuro diariamente à espera de que a vida lhes traga um grande amor, aquele que vai colocar tudo nos eixos.

Eu pergunto de novo: essa é uma ideia saudável?

Nos últimos dias, eu tenho pensado muito em um aspecto particular da nossa ideologia do amor, aquele que diz que é impossível ser feliz sozinho. Não é só a música de Tom Jobim que afirma isso. Tudo que nos circunda brada a mesma mensagem. Ela está nos filmes, nas novelas, nas conversas. Ausência de parceiro é sinônimo de infelicidade, fracasso ou esquisitice. Ou tudo isso junto.

Talvez seja verdade que as pessoas sem parceiros tendem a ser menos felizes, mas o contrário certamente é falso: estar com alguém, ter alguém, não é garantia de felicidade.
A gente sabe disso, a gente vive isso, mas, socialmente, a gente não divide essa informação. Para todos os efeitos públicos, vale o seguinte combinado: se a pessoa está casada, ou tem um namorado bacana, sua vida está “resolvida”. Mas isso é falso, não?

Não adianta nos cercamos de um cenário de propaganda de margarina (marido, filhos, animal de estimação) porque, ao final, nossa felicidade depende de nós, das forças interiores que nós somos capazes de mobilizar. As pessoas que amamos nos ajudam, mas elas não substituem nosso amor próprio, nossa motivação e a nossa estabilidade. Precisamos das pessoas, mas precisamos ainda mais de Deus em primeiro lugar, e depois de nós mesmos.

É por isso que a promessa de felicidade amorosa às vezes me incomoda. Ela é falsa. Ela é uma forma de propaganda enganosa. Ele conduz as pessoas numa procura inútil por alguém que as faça sentir inteiras e completas, quando, na verdade, essa sensação de inteireza talvez seja inalcançável na pessoa de outro ser humano.

Se a gente olhar de novo para o mito do andrógino, talvez haja nele outra sabedoria a ser extraída: a de que nós, homens e mulheres, somos criaturas intrinsecamente solitárias. Vivemos em grupo, precisamos do grupo e buscamos conforto na intimidade do outro, no amor. Mas talvez seja da nossa natureza jamais nos sentirmos inteiros e completos.

Talvez haja em nós uma inquietação inextinguível e uma angústia que advêm da nossa própria consciência e que nos torna humanos. O amor seria então um alento, um consolo, uma fogueira que nos protege do frio. Mas o frio está lá. E a melhor medida da felicidade talvez seja a forma como lidamos com ele. Como indivíduos, não como casais.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Quer ficar com cara de estrela? Ilumine-se


Esse é o truque do maquiador americano Scott Barnes para destacar o rosto das celebridades de Hollywood. Em seu recém-lançado livro “About Face” (Sobre o Rosto), Barnes apresenta sua técnica especial de maquiagem, inspirada em suas aulas de pintura na conceituada Parsons School of Design, em Nova York. A ideia é encarar o rosto como um quadro, criando os efeitos de luz e sombra usados pelos pintores. Sabem o “glow” (brilho) da Jennifer Lopez, que lançou a moda da pele dourada e brilhante por aí? Foi Barnes quem criou. A atriz, que aceitou estampar a capa do livro, tornou-se fã do maquiador. Tanto que chama a sua vida antes de Barnes de “época da escuridão”. Para provar o poder de seus pincéis, Barnes sentou em sua cadeira 16 mulheres da vida real – essas assim como a gente – e comandou uma transformação (observe o passo a passo de algumas na imagem ao lado).

O resultado pode ser conferido nas páginas do livro. É impressionante. A ativista americana Katherine Albrecht, uma das escolhidas por Barnes, parece ter subtraído uns bons anos de vida de sua idade após passar pela sessão de maquiagem. É claro que o cabelo caprichado feito pelo hairstylist Chuck Amos, as roupas elegantes escolhidas pela figurinista Jocely Goldstein e os ângulos generosos enquadrados pelo fotógrafo Karl Simone dão sua (grande) contribuição para a revolução visual. No livro, Barnes apresenta o trio como “O Esquadrão do Glamour”.

Mas não é essa a mensagem – de que é preciso montar uma operação de guerra para levantar o visual de reles mortais como nós – que Barnes diz querer transmitir. “A maquiagem é aprender a se aceitar e a destacar os seus atributos”, escreve. O melhor truque de maquiagem é nos olharmos no espelho enxergando os pontos fortes de nossa expressão. E não aquilo que queremos mudar. Barnes diz que toda mulher tem o potencial de uma Jennifer Lopez para se transformar em um mulherão. O maquiador diz não ter feito nada mais do que destacar na maquiagem da atriz a simetria do seu rosto e sua beleza autêntica, latina. Para quem quiser se aventurar, segue o modo de fazer:

1º) Passe uma máscara hidratante, que ajuda a maquiagem a aderir melhor à pele. Aproveite para fazer uma massagem facial. Ela ajuda a relaxar os músculos e torna a expressão mais leve

2º) Observe quais partes do rosto ficam mais em evidência com a iluminação. Aplique tons próximos à cor da pele, criando contornos que ajudem a ressaltar esse brilho natural

3º) Complete a maquiagem seguindo sua intuição e não aquelas regras que mandam pintar os olhos, depois as maçãs do rosto etc.. Imagine que seu rosto é uma tela e veja onde falta cor e qual tom cairia melhor

4º) Use pincéis para espalhar a maquiagem seja qual for a consistência do produto. Barnes diz que eles são a melhor ferramenta para misturar tons e espalhar com precisão a maquiagem.