quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Escolhas ruins - Quem não as fez que atire a primeira pedra



Ontem a noite, enquanto esperava um documentário sobre "Freddie Delicious Mercury" na Globo News, fiquei zapeando, tentando encontrar algo interessante para assistir... Já cansada de procurar, parei no Multishow, sei lá por qual motivo pois não costumo assistir esse canal, e naquele momento começava a reprise de um documentário sobre Amy Winehouse.

Talvez reapresentaram o programa, apesar de não mencionarem o fato, porque ontem, dia 14 de setembro, ela faria 28 anos, e teria saido assim do temido "clube dos 27"...

Então pensei: o que mais eu preciso saber sobre essa maluca, porra louca, bêbada, drogada que disperdiçou um puta talento??? Confesso que nunca morri de amores por ela.

Lembro da primeira vez que a ví cantando o seu hit "Rehabe" e pensei que fosse algum revival de uma daquelas divas dos anos 60, mas quando prestei atenção na letra na qual ela cantava a plenos pulmões que alguém queria levá-la para a uma clínica de reabilitação, mas que ela não iria, não, não, não... Pensei: de qual negra americana essa louca roubou essa voz maravilhosa???

Fiquei mesmo impressionada foi quando ela veio ao Brasil... não somente com o seu desrespeito ao público, suas quedas nos palcos por onde passou, os lapsos de memória que a faziam esquecer as letras das canções que a transformaram na mega estrela da música pop... o que mais me impressionou foi o fato das pessoas saírem do show dizendo que ela foi maravilhosa, que o show foi explêndido, apesar de "um ou outro contratempo". Minha nossa!!! Tenho certeza de que ela perderia qualquer concurso de calouros de quermesse se cantasse do jeito que se apresentou....

Mas... virou modinha ovacionar ou criticar Amy Winehouse, até para quem não sabia pronunciar corretamente seu sobrenome.

"Oh, lá vai a "AMY + QUALQUER COISA ININTELIGÍVEL", mais uma vez bêbada, drogada e com os peitos de fora..."

Acho que porque sou uma mãe de adolescente, já cheguei à meia idade e fiquei um tanto careta... tirando o delineador preto, que eu sempre usei e amo, eu detestava até mesmo aquele look da Amy: cabelos com aparência de sujos, roupas escrotas, tatuagens por todo o corpo, olhar perdido e nervoso em direção ao chão, sempre com um cigarro ou copo na mão...

Quem me conhece sabe o quanto eu detesto as modinhas...

Então eu me perguntava: porque alguém não pega essa garota e interna numa clínica, por mais que ela esperneie e grite com sua bela voz:"No, no, no... I won't go, go, go..."

Mas enfim, não estou aqui para dizer que a Amy era uma bêbada, drogada, miserável pois as revistas sensacionalistas e os portais de conglomerados fúteis, já se encarregaram disso. Tampouco gostaria de dizer o óbvio: o quanto seu som é bom e porque o é. Ele simplesmente o é. É elegante. Cheio de vida e com grande capacidade de aceitação.

Gostaria apenas de registrar que um documentário de uma hora e meia foi suficiente para que eu desconstruisse uma tonelada de conceitos prévios, para não dizer preconceitos...

Hoje eu vejo Amy Winehouse com o mesmo olhar condescendente que me olho no espelho, do alto dos meus quarenta e um anos...

Ela era apenas uma garota judia, gordinha (acreditem, ela era gordinha no início da carreira), falante, carinhosa, com grande nescessidade de aceitação, apaixonada por Frank Sinatra, que sonhava ser esposa e mãe, usava delineador preto, possuia um super-ultra-mega talento e que fez algumas escolhas ruins...

Exceto o fato de não ser judia, não possuir a genialidade musical que ela possuia, e que as minhas escolhas ruins não versavam sobre bebedeira e drogadição, eu, e a grande maioria das minhas amigas, foi exatamente assim igual a Amy...

Pois é... talvez não possuir um super-ultra-mega talento seja mesmo uma bênção.

PS: A propósito, o documentário do Freddie Mercury foi uma droga!!!